Os mais de 1.200 incêndios rurais que ocorreram desde o início do ano provocaram 5.477 hectares de área ardida, valores superiores aos registados em igual período de 2020, revelou esta sexta-feira a Proteção Civil.

Dados enviados à agência Lusa pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) precisam que se registaram, entre um de janeiro e 25 de março, 1.227 incêndios e um total de 5.477 hectares de área ardida, 83% dos quais em matos. A Proteção Civil apenas refere que os números deste ano se “encontram acima dos valores ocorridos em 2020 para igual período”.

Comparando com os relatórios de incêndios rurais de 2020 do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) concluiu-se que este ano os fogos mais do que duplicaram em relação a março de 2020 e a área ardida é quase sete vezes mais.

Entre janeiro e março de 2020 tinham ocorrido 528 incêndios, contra os 1.227 registados até 25 de março, e a área ardida situava-se nos 786 hectares, enquanto este ano já arderam 5.477 hectares. Os dados da ANEPC enviados à Lusa indicam também que foram nos distritos de Vila Real (236), Braga (151) e Viseu (150) que ocorreram mais incêndios desde janeiro.

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Segundo a Proteção Civil, este ano ocorreram dois incêndios considerados de “grande dimensão” nos concelhos de Seia e Castro Daire. No combate aos 1.227 incêndios estiveram envolvidos, desde o início do ano, 13.739 operacionais e 4.036 veículos e foram efetuadas 201 missões aéreas.

Ressalvando que a competência para investigar os incêndios rurais é da da GNR e da Polícia Judiciária, a ANEPEC dá conta que as causas destes incêndios resultam essencialmente do uso do fogo para a queima de sobrantes agrícolas e florestais e renovação de pastagem para os animais.

Na quinta-feira, a Guarda Nacional Republicana anunciou que foram detidas oito pessoas por incêndio florestal desde o início do ano e 99 identificadas.

A GNR referia que as queimas são uma das principais causas de incêndios em Portugal e relembrava que é proibido queimar matos cortados e amontoados e qualquer tipo de sobrantes de exploração florestal ou agrícola sem comunicação prévia ou pedido de autorização e que não se deve fazer queimas com tempo quente e seco ou com vento, devendo ser escolhidos dias nublados e húmidos.

Esta semana, a Câmara de Montalegre alertou para uma “situação de calamidade” no concelho por causa dos incêndios, numa média de dez ignições por dia este mês de março.