Tetsushi Sakamoto é o novo ministro da Solidão do Japão, uma pasta criada recentemente pelo governo nipónico para fazer face aos elevados números de suicídios registados em 2020 — foram 21.919, dos quais 479 eram estudantes e 6.976 mulheres, segundo o El País.

Pela primeira vez em 11 anos, deu-se um aumento da taxa de suicídio no país. A situação dramática retrata a carência social sentida pela população japonesa, fruto da pandemia da Covid-19. O disparar dos suicídios é apenas mais uma das consequências provocadas pelo novo vírus.

O ministro da Solidão trabalhará em conjunto com o ministro do Desenvolvimento Regional, unindo meios para enfrentar também as tendências de diminuição da natalidade e massificação das cidades no país.

O recém-criado ministério não é caso único no panorama mundial. Em 2018, no Reino Unido, o governo de Theresa May decidiu nomear Tracey Couch como ministra da Solidão perante a evidência de que nove milhões de britânicos se sentiam sozinhos, sobretudo idosos. A revista digital Nikkei Asia refere mesmo que se espera que as medidas do novo ministério se assemelhem às adotadas no Reino Unido na luta contra a “epidemia social”.

Para Junko Okamoto, autora do livro “Os mais solitários do mundo: os homens japoneses de meia idade”, o desafio começará por coletar estatísticas sobre a solidão no país e sobretudo inverter o estigma negativo associado a esse sentimento: “Muitas pessoas estão sozinhas, mas negam a aceitá-lo. É um estigma”, disse a japonesa, citada pelo El País. A autora reitera ainda que para o japonês normal a resistência às adversidades é um dever, sendo a solidão apenas mais um percalço sem grande relevo.

O Instituto de Investigações Mizuho, num relatório elaborado, prevê que em 2040, 40% dos lares japoneses serão habitados por apenas uma pessoa.

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