O candidato do PSD à Câmara de Lisboa mostrou disponibilidade para ir presencialmente ao Parlamento falar sobre o antigo BES. E logo que o requerimento socialista foi aprovado, os serviços da comissão parlamentar de inquérito ao Novo Banco foram rápidos a agendar a audição para dia 6, próxima terça-feira.
Carlos Moedas vai ser ouvido por causa dos contactos que teve — e que terá dito que ia fazer — com o antigo presidente do Banco Espírito Santo, Ricardo Salgado, nas semanas que antecederam o colapso do banco no verão de 2014. No mesmo dia que Moedas, cuja audição está agendada para as 09h30, será ouvido à tarde Carlos Calvário, Ex-diretor do Banco Espírito Santo.
A audição de Carlos Moedas foi pedida pelo PS depois de referências a reuniões realizadas entre o ex-presidente do BES e vários titulares de cargos públicos e membros do Governo. Estas reuniões foram conhecidas em 2015, tendo aliás o ex-secretário de Estado adjunto de Passos Coelho dado explicações na comissão de inquérito ao BES.
Apesar de ser chamado uma segunda vez, Carlos Moedas irá agora dar explicações presenciais já que em 2015 respondeu por escrito numa altura em que já tinha sido nomeado para comissário europeu.
Moedas receou implicações do problema do GES na saída limpa do programa da troika
Nos esclarecimentos que estão prestou, mostrou-se “surpreendido” e “estranheza”, perante o telefonema que recebeu de Ricardo Salgado a pedir a sua intervenção em nome do Grupo Espírito Santo, junto do presidente da Caixa, à data José de Matos, e do então ministro da justiça do Luxemburgo, país onde ficavam as sedes das holdings familiares do grupo.
Sobre a sua alegada intervenção no caso BES/GES, ficou famosa a frase atribuída a José Manuel Espírito Santo nas gravações feitas a conversas realizadas no núcleo de dirigentes do GES em que o antigo administrador do banco, terá afirmado: “Eu punha já o Moedas a funcionar”, quando foi informado da dimensão dos problemas financeiros do grupo.
A audição a Carlos Moedas, que é o candidato do PSD à Câmara de Lisboa, foi contestada pelo PSD que acusou o PS de avançar com o pedido por razões eleitorais e não relacionadas com o apuramento da verdade na comissão de inquérito em curso. O principal objetivo é o de escrutinar as perdas do Novo Banco imputadas ao Fundo de Resolução. No entanto, muitas das audições até agora realizadas têm voltado a centrar-se no processo que levou à resolução do BES, da qual nasceu o Novo Banco.