A voz de Ricardo Salgado voltou a ouvir-se no Parlamento esta segunda-feira sobre os factos que antecederam a resolução do banco. As declarações do ex-presidente do Banco Espírito Santo surgiram numa gravação que o deputado do PSD, Duarte Pacheco, usou para questionar a necessidade de chamar outra vez Carlos Moedas, e pedir depoimentos a Passos Coelho e Durão Barroso, sobre a resolução do BES. Todos foram já ouvidos na comissão parlamentar de inquérito em 2014.

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O pedido destas audições veio do PS e surgiu na sequência da audição a José Honório, que acompanhou Ricardo Salgado nos contactos realizados em 2014 junto do Governo e do presidente da Comissão Europeia com o objetivo de alertar para a situação do Grupo Espírito Santo e pedir apoio público. Pedro Passos Coelho recusou esse apoio de forma pública. A intervenção gravada de Ricardo Salgada relatava na primeira comissão de inquérito ao BES os contactos que tinha feito antes da resolução.

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O ex-primeiro-ministro foi ouvido por escrito, tal como Durão Barroso, para além de Carlos Moedas que à data era secretário de Estado Adjunto. Só Cavaco Silva, então Presidente da República, não deu esclarecimentos, apesar dos pedidos nesse sentido do PS e da esquerda.

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Para Duarte Pacheco, não há dados novos que justifiquem inquirir Carlos Moedas, lembrando que também Passos  Coelho foi ouvido (por escrito). “Não tiveram oportunidade de ler as respostas?”

O que é importante, defende, é  avaliar o que foi feito por este Governo com o Novo Banco e uma “venda ruinosa” como ilustra o novo pedido de injeção financeira de quase 600 milhões de euros. O deputado acusou ainda o PS de querer fugir às responsabilidade. “Tudo serve para desviar os assuntos”. O único facto novo, sublinha, é Carlos Moedas ser o candidato do PSD à Câmara de Lisboa. E sublinhando que é candidato do PSD à Câmara de Torres Vedras, pergunta a João Paulo Correia do PS também o quer chamar.

Carlos Moedas já se mostrou disponível para ir presencialmente à comissão de inquérito ao Novo Banco e a audição será a agendada, apesar das reservas do PSD.

Deputados “repetentes” lamentam tédio e repetição da comissão de inquérito ao BES

Alguns deputados classificam de repetição da comissão de inquérito ao BES, sobretudo os que estiveram nos trabalhos de 2014.

Para a deputada do CDS, Cecília Meireles, com a exceção do relatório Costa Pinto, sobre a avaliação à atuação do Banco de Portugal, “não há dados novos, estamos a assistir à repetição da comissão de inquérito ao BES”, quando as contas continuam a ir para o Estado e a comissão de inquérito está a avaliar coisas que que já foram vertidas em relatório.” José Honório disse o mesmo. Foi tudo exatamente igual. Só cá falta Ricardo Salgado.”

Também Mariana Mortágua do Bloco lembra que tem vindo a alertar para o risco de uma repetição da comissão de inquérito ao BES, apesar de compreender a  vontade de revistar factos, lamenta o excesso de pessoas a ouvir e recomenda a reavaliação das audições pedidas.

Duarte Alves do PCP usa a expressão “psicanálise” para descrever o que se passou nos minutos iniciais antes de arrancar a audição com o ex-presidente do Fundo de Resolução, José Berberan Ramalho (uma das personalidades que foi ouvida também em 2014).

O presidente da comissão Fernando Negrão (que presidiu à primeira comissão de inquérito) reconhece que tem sentido “algum tédio” em segundas audições, mas lembra que o número de pessoas a ouvir já foi muito reduzido. Já o deputado da Iniciativa Liberal, João Cotrim Figueiredo (estreante em inquéritos parlamentares), admite que está a achar “fascinante”.

O deputado João Paulo Correia insistiu na audição a Carlos Moedas e contraria a ideia de que nada de novo tenha surgido destas segundas audições a pessoas já ouvidas em 2014. WOs portugueses ainda têm perguntas por responder por parte dessas autoridades políticas”.