A VW produz veículos na China em parceria com o construtor local e estatal FAW, mas a esmagadora maioria dos modelos que vende recorre ainda a motores de combustão, o que coloca a média de emissões de dióxido de carbono (CO2), que dependem exclusivamente do consumo, em valores demasiado elevados para a regulamentação chinesa. Ainda sem produção local de modelos eléctricos, para reduzir o CO2 emitido e respeitar os limites impostos pelo regulador chinês, restava ao construtor alemão enfrentar multas elevadas ou adquirir créditos de carbono a fabricantes que emitam menos. A VW optou por pagar à Tesla.

O fabricante de Wolfsburg não avançou grandes comentários acerca do negócio, afirmando apenas que se tratou de uma opção estratégica para respeitar os limites legais impostos pela China, um pouco à semelhança do que teve de fazer na Europa, pois também no Velho Continente terminou 2020 acima do limite de CO2.

De acordo com Reuters, a Volkswagen-FAW vendeu em 2020 cerca de 2,16 milhões de veículos, sendo que o fabricante europeu possui outra joint venture local com outro construtor chinês, a SAIC. Cada crédito de carbono custa 3.000 yuan, cerca de 388€, sem que tenha sido avançado quantos gramas de CO2/km terminou a VW acima do limite no ano anterior, ou de quantos créditos necessita para evitar penalizações.

A Tesla, pelo seu lado, não tem dificuldades em respeitar a lei chinesa, cujo limite de CO2 continua a baixar e que, em 2020, obrigava em média à comercialização de uma gama composta por 12% de veículos eléctricos. O construtor norte-americano, cuja fábrica em Xangai produziu no ano transacto 140.000 modelos eléctricos, entre Model 3 e Model Y, viu serem-lhe atribuídos cinco créditos de carbono por cada eléctrico vendido, o que excede todas as necessidades que a VW possa ter neste domínio.

De recordar que, em 2020, a Tesla encaixou mais de 1,5 mil milhões de dólares em vendas de créditos, só na Europa e nos EUA, valor superior aos lucros declarados durante os 12 meses.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR