Quando a Ferrari anunciou que Sebastian Vettel iria deixar a equipa no final da temporada de 2020 — e quando, dias depois, Carlos Sainz foi confirmado como o seu sucessor –, existiu uma interpretação da decisão que se tornou predominante. O facto de, para além de Vettel nunca ter correspondido à aposta feita pela Ferrari, o alemão não ter uma relação muito positiva com Charles Leclerc. Agora, nas primeiras semanas da nova época, parece que a linha de pensamento da equipa italiana não poderia ter sido mais acertada.
“O que mudou foi o tempo que passo com o meu colega de equipa. Antes, eu e o Seb [Vettel] só nos cruzávamos às vezes. Eu chegava e ele ia embora ou vice-versa. Agora, eu e o Carlos estamos muitas vezes no mesmo sítio, nos mesmos dias. Por isso, passamos mais tempo juntos”, disse Leclerc em entrevista à Motorsport italiana. Na conversa, o piloto monegasco elogiou a “motivação” do espanhol, que chegou à Ferrari depois de uma temporada muito positiva ao serviço da McLaren.
“Nos últimos anos, o Sainz pilotou em diferentes equipas e é sempre interessante aprender a forma como trabalham os rivais. Além disso, também se notou rapidamente a grande motivação que trouxe. Está no primeiro ano com a Ferrari e vê-se que quer fazer tudo muito bem de forma imediata. Essa euforia é contagiante e benéfica para toda a equipa. É sempre bom, para uma equipa, contar com dois pilotos que querem voltar a ganhar”, acrescentou Leclerc.
O primeiro Grande Prémio do ano, porém, ainda não demonstrou essa vontade de ganhar. Apesar de a qualificação ter sido positiva, depressa se percebeu que os dois Ferrari correram acima das próprias possibilidades no apuramento: Leclerc acabou a corrida do Bahrein em sexto, enquanto que Sainz foi oitavo. A diferença para os Mercedes e os Red Bull ainda é abismal e o Mundial da equipa italiana será novamente feito a lutar contra a McLaren e a Alpine (antiga Renault).
Na entrevista à Motorsport, Charles Leclerc ainda falou sobre Sebastian Vettel — e aquilo que aprendeu com o experiente alemão, apesar de a relação entre os dois nunca ter sido perfeita. “Ele tem muita experiência. Em várias situações, tinha uma grande capacidade analítica e aprendi muito com isso. Dei-me conta do quão importantes são esses detalhes e isso marcava uma grande diferença na pista. Além disso, o Seb também é uma ótima pessoa, sempre me chamou à atenção pela sua humildade”, concluiu o piloto de 23 anos.
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