O parlamento homenageou esta quinta-feira Maria da Conceição Moita, que morreu em 30 de março, recordando a “militante católica antifascista empenhada na luta pela liberdade contra a ditadura, pela paz contra a guerra colonial e pela justiça“.

Conceição Moita foi uma das organizadoras da vigília da Capela da Paz de “oração pela paz”, contra a guerra colonial, em dezembro de 1972, e estava presa em Caxias quando se deu o 25 de Abril de 1974, o movimento que derrubou a ditadura do Estado Novo.

O voto de pesar, aprovado por unanimidade, é assinado pelo presidente do parlamento, Ferro Rodrigues, por deputados de todos partidos, como Ana Rita Bessa (CDS), Fernando Negrão e Mónica Quintela (PSD), André Silva (PAN), Ana Catarina Mendes, Tiago Barbosa Ribeiro, José Magalhães e Isabel Moreira (PS), António Filipe (PCP), José Luis Ferreira (PEV), José Soeiro, Mariana Mortágua, Pedro Filipe Soares e José Manuel Pureza (BE) e as deputadas não-inscritas Joacine Moreira (ex-Livre) e Cristina Rodrigues (ex-PAN).

Maria da Conceição Moita, nascida em 1937, foi “uma das cidadãs que mais se destacou no campo católico que, a partir dos anos 60 e sob o impulso renovador do Concílio Vaticano II, se afastou do até então indiscutido apoio da Igreja à ditadura”, lê-se no texto.

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Em 30 de dezembro de 1972, na Capela do Rato, “uma das iniciativas mais emblemáticas levadas a cabo por católicos” em plena ditadura, foi “ela que leu a declaração que convocava a vigília de 48 horas de oração pela paz”. No ano seguinte, em 1973, foi presa pela PIDE, por “ter uma casa arrendada” em seu nome para apoio às Brigadas Revolucionárias, organização de extrema-esquerda.

Foi torturada pela polícia política, sujeita a isolamento prolongado e esteve presa até à queda da ditadura, saindo da prisão de Caxias, com outros presos políticos, já no dia seguinte ao golpe, em 26 de abril de 1974.

Morreu uma mulher de abril. Uma mulher que, sobre a liberdade, escreveu que ‘não a queremos só mais alguns anos’. Ela, a liberdade, ‘veio para ficar e nós só temos de a defender sempre. É uma condição da democracia que é o regime que permite viver em comum dignamente'”, lê-se ainda no voto de pesar, lido por José Manuel Pureza.

Maria da Conceição Moita, “Xexão”, como era conhecida entre os amigos, morreu em 30 de março, aos 83 anos, vítima de doença prolongada.