O julgamento dos três inspetores do SEF pode estar a chegar ao fim, mas o caso pode estar longe de acabar. O Ministério Público está a investigar a atuação dos vigilantes na morte de Ihor Homeniuk, segundo confirmou fonte da Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Observador.
A confirmação surge depois de o advogado de um dos inspetores, Ricardo Serrano Vieira, anunciou durante a sessão desta segunda-feira que os vigilantes que interagiram com Ihor Homeniuk já estarão a ser investigados pela morte do cidadão ucraniano no aeroporto de Lisboa, em março do ano passado, num inquérito aberto pelo MP.
“Os vigilantes são arguidos noutro processo. O Sr. Duarte Laja já foi notificado”, anunciou.
Nas alegações finais do julgamento dos três inspetores do SEF, que se encontram a decorrer, a Procuradora do caso já tinha aberto a possibilidade de extrair certidão pela prática de crimes cometidos por “outras pessoas”, como vigilantes e outros inspetores do SEF que contactaram Ihor Homeniuk no aeroporto de Lisboa. No entanto, já existe um processo a decorrer contra vigilantes, segundo o advogado, que adiantou que o seu cliente foi chamado para prestar depoimento como testemunha.
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Ihor Homenyuk morreu a 12 de março no Centro de Instalação Temporária do aeroporto de Lisboa, dois dias depois de ter desembarcado, com um visto de turista, vindo da Turquia. De acordo com a acusação, o SEF terá impedido a entrada do cidadão ucraniano e decidido que teria de regressar ao seu país no voo seguinte. As autoridades terão tentado por duas vezes colocar o homem de 40 anos no avião, mas este terá reagido mal. Terá então sido levado pelo SEF para uma sala de assistência médica nas instalações do aeroporto, isolado dos restantes passageiros, onde terá sido amarrado e agredido violentamente por três inspetores do SEF, acabando por morrer.
Apesar de no relatório o SEF ter descrito o óbito como natural, o médico que autopsiou o corpo não teve dúvidas de que tinha havido um crime, alertando imediatamente a PJ, que acabaria também por receber uma denúncia anónima que referia que Ihor Homenyuk tinha ficado “todo amassado na cara e com escoriações nos braços”. Os inspetores Luís Silva, Bruno Sousa e Duarte Laja foram detidos no final de março e foram acusados da sua morte, estando agora a decorrer o seu julgamento.
[Artigo atualizado às 20h45 de 23 de abril com a confirmação da PGR]