O governo moçambicano vai quarta-feira à Assembleia da República responder sobre os ataques de grupos armados na província de Cabo Delgado, norte do país, combate à pobreza, desenvolvimento agrário e se vai aumentar o salário mínimo nacional.
De acordo com a lista de perguntas divulgadas esta terça-feira pelo parlamento, a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder e com maioria parlamentar, pretende saber do executivo “que ações estão em curso visando providenciar proteção e assistência às populações afetadas pelos ataques terroristas na província de Cabo Delgado”. A Frelimo quer igualmente saber qual é o ponto de situação da expansão da rede sanitária e da estratégia logística para garantir a disponibilidade dos medicamentos essenciais para o Sistema Nacional de Saúde.
Por sua vez, a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição, questiona o Governo sobre “o ponto de situação atual das estratégias adotadas para o combate à pobreza, desenvolvimento agrário e de infraestruturas públicas estratégicas para o desenvolvimento económico e social”.
O Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceiro partido, quer saber “para quando o Governo pensa aumentar o salário mínimo e qual o motivo da não entrada em funcionamento do Gabinete Central de Recuperação de Ativos”.
A Frelimo domina a Assembleia da República com uma maioria qualificada de 184 assentos, seguida da Renamo, com 60 deputados, e MDM, com seis lugares.
Grupos armados aterrorizam Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo “jihadista” Estado Islâmico, numa onda de violência que já provocou mais de 2.500 mortes segundo o projeto de registo de conflitos ACLED e 700.000 deslocados de acordo com as Nações Unidas.
Governo contabilizou mais de 723 mil deslocados no norte e centro de Moçambique
O mais recente ataque foi feito em 24 de março contra a vila de Palma, provocando dezenas de mortos e feridos, num balanço ainda em curso. As autoridades moçambicanas recuperaram o controlo da vila, mas o ataque levou a petrolífera Total a abandonar por tempo indeterminado o recinto do projeto de gás com início de produção previsto para 2024 e no qual estão ancoradas muitas das expectativas de crescimento económico de Moçambique na próxima década.