O governo moçambicano contabilizou até domingo mais de 723 mil pessoas deslocadas das suas zonas de origem pelos ataques armados nas regiões norte e centro do país, disse esta terça-feira o porta-voz do executivo.

Filimão Suaze avançou que 714.136 pessoas foram obrigadas a fugir da violência armada na província de Cabo Delgado, norte do país, e 8.726 fugiram de ataques armados na região centro.

O porta-voz do Conselho de Ministros fez a atualização do número de deslocados devido à violência armada, em conferência de imprensa, no final da sessão semanal do órgão. Do total de deslocados apurados até domingo 331.391 são crianças, prosseguiu Filimão Suaze.

Os deslocados fugiram para outros pontos de Cabo Delgado e para as províncias de Niassa e Nampula, norte, Zambézia, Sofala e Manica, centro, e Inhambane, no sul.

Grupos armados aterrorizam Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo jihadista Estado Islâmico, numa onda de violência que já provocou mais de 2.500 mortes segundo o projeto de registo de conflitos ACLED e 700.000 deslocados de acordo com as Nações Unidas.

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O mais recente ataque foi feito em 24 de março contra a vila de Palma, provocando dezenas de mortos e feridos, num balanço ainda em curso.

As autoridades moçambicanas recuperaram o controlo da vila, mas o ataque levou a petrolífera Total a abandonar por tempo indeterminado o recinto do projeto de gás com início de produção previsto para 2024 e no qual estão ancoradas muitas das expectativas de crescimento económico de Moçambique na próxima década.

Na região centro, a Junta Militar, um grupo dissidente da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido de oposição, contesta a liderança da organização e as condições para a desmobilização decorrentes do acordo de paz, sendo apontada pelas autoridades como a responsável pelos ataques armados na zona que já mataram, pelo menos, 30 pessoas desde 2019.