Portugal está abaixo das linhas vermelhas traçadas para a incidência acumuladas a 14 dias, índice de transmissibilidade (Rt) e número de camas ocupadas com doentes Covid-19 nas unidades de cuidados intensivos, segundo o relatório “Monitorização das linhas vermelhas para a Covid-19”, divulgado pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge e Direção-Geral da Saúde.
A nível nacional, a incidência acumulada a 14 dias foi de 74 novos casos por 100 mil habitantes, segundo os dados de 21 de abril, “com tendência estável a nível nacional”. Já o Rt é de 0,98, “sugerindo uma tendência estável ou decrescente”.
A incidência acumulada na faixa etária acima dos 85 anos é de 36 casos por 100 mil habitantes a 14 dias, segundo os dados divulgados esta sexta-feira. “O que reflete um risco de infeção muito inferior ao risco da população em geral”, refere o comunicado. Se acima dos 85 anos se verifica a incidência mais baixa, a mais elevada foi observada no grupo etário 30 a 35, com 122 casos por 100 mil habitantes.
Considerando o valor de Rt médio dos últimos cinco dias, que indica uma tendência decrescente, poderá atingir-se a incidência de 60 casos por 100 mil habitantes no prazo de um a dois meses”, prevêem os autores do relatório.
A região do Algarve é a que tem a maior incidência cumulativa a 14 dias, 112 novos casos por 100 mil habitantes, seguida da região do Alentejo (83) e da região Norte (81). Abaixo da incidência a nível nacional (74 casos por 100 mil habitantes) estão a região de Lisboa e Vale do Tejo (64) e região Centro (43). Todas as regiões estão abaixo da linha vermelha traçada nos 120 novos casos por 100 mil habitantes a 14 dias.
Em relação ao Rt, todas as regiões tem estado abaixo de 1, com exceção da região Norte, que apresenta uma tendência crescente, considerando os dados de 18 de abril. Esta é assim a única região acima da linha vermelha.
“Tanto a nível nacional como a nível das regiões de saúde do continente, observou-se um aumento paulatino do valor do Rt entre meados do mês de fevereiro e o início de abril“, lê-se no relatório do Insa/DGS. “Desde o dia 9 de abril observou-se uma redução da estimativa do Rt, de 1,08 para 0,98, indicando uma inversão da tendência da incidência de infeção por SARS-CoV-2/Covid-19 para decrescente.”
Outra das linhas vermelhas é o número de doentes Covid-19 nas unidades de cuidados intensivos (UCI), cujo máximo está traçado nas 245 ocupadas. O número de internamentos nas UCI está, contudo, muito abaixo disso e com “uma tendência ligeiramente decrescente a estável”, com 104 doentes no dia 21 de abril (data a que se reporta o relatório) — e 98, esta sexta-feira. A maior parte dos doentes Covid-19 internados em UCI têm entre 60-69 anos (29 doentes) e entre 70-79 anos (29), segundo os dados de dia 21 de abril.
A variante britânica representava mais de 80% das sequências genéticas analisadas
Entre os 1.094 genomas do SARS-CoV-2 sequenciados (lidos) entre 28 de fevereiro e 15 de março 82,9% (907) pertenciam a variante britânica (B.1.1.7), segundo os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Saúde.
A região do Algarve (94%, 40 em 46) e da Madeira (94,2%, 49 em 52) são as que apresentam a maior proporção de casos desta variante e a região Norte é a que apresenta a menor percentagem de casos (71,4%, 252 em 353). Na região de Lisboa e Vale do Tejo, para o mesmo período, foram detetados 338 casos da variante britânica entre as 381 sequências genéticas analisadas.
Até 20 de abril de 2021, foram identificados 54 casos da variante sul-africana (B.1.351), mas não foi identificado nenhum caso desde a sexta-feira passada. A maior parte dos casos, até abril, foi identificada na região de Lisboa e Vale do Tejo (55,6%), mas a prevalência a nível nacional para o mês de março, no continente, foi de 2,5%.
“Não foi identificada história de viagem ou contacto com casos confirmados conhecidos em vários casos com esta variante, o que reforça a possibilidade de transmissão comunitária desta variante”, alerta o relatório do Insa. O que quer dizer que a disseminação desta variante já não está restrita a um conjunto bem identificado de pessoas.
A variante de Manaus (P.1), por sua vez, tinha uma prevalência estimada para o continente de 0,4% em março. Até 20 de abril de 2021, tinham sido identificados 29 casos da variante P.1, 19 deles foram casos importados.
“Alguns países da União Europeia e Espaço Económico Europeu (EU/EEE) têm demonstrado apreensão relativamente à variante P.1 por esta ter surgido, em alguns locais, não associada a viagens e com uma maior expressão comunitária”, refere o relatório.