Concelhos como Miranda do Douro, Resende e Cinfães estão em risco de não avançar no plano de desconfinamento, segundo o boletim de sexta-feira da Direção-Geral da Saúde. Os autarcas destes municípios criticam os critérios utilizados do Governo para a reabertura e mostram-se preocupados com o impacto que poderá ter na economia.

Ao JN, Artur Nunes, presidente da câmara de Miranda do Douro, que tem 18 casos de Covid-19 e ultrapassou a barreira de 120 casos por 100 mil habitantes em 14 dias, considera que não ser justo fechar o concelho “com base em dados que, na próxima quinta-feira, estarão ultrapassados. Arriscamos fechar o concelho com zero casos”, sinaliza. O autarca argumenta que deveria haver uma “consulta à Unidade Local de Saúde e à saúde pública relativamente à situação e não apenas uma análise numérica”. O autarca garante ainda que a “situação está controlada” e que se fecharam “restaurantes, cafés e áreas públicas”, sendo que a “GNR fez um grande trabalho de proteção”.

Armando Mourisco, autarca de Cinfães, indica ao mesmo jornal que o concelho estar no risco moderado (uma vez que possui uma incidência cumulativa a 14 dias de 247 casos por 100 mil habitantes) é “injusto”, porque “48 casos num concelho com 14 freguesias, 502 lugares, 248 km2 é zero. Dá nada”. O governante sublinhou que esse número não é problemático em termos da transmissibilidade da Covid-19, mas “em termos de desconfinamento e abertura do comércio e serviços é muito prejudicial”. “Não se prevê que nos próximos dias se baixe dos 220 casos por 100 mil habitantes”, acrescenta.

Já o presidente da Câmara Municipal de Resende, Garcez Trindade, considera que o aumento de casos registado no concelho é “consequência da Páscoa”. O concelho está com uma incidência acumulada de 240 casos por 100 mil habitantes e em risco elevado, mas o autarca garante que as infeções deverão diminuir na próxima semana. O responsável político também está com receio da situação em julho com o retorno de muitos emigrantes: “Devem tomar-se atitudes de despiste antes de eles voltarem ou volta tudo a subir. Somos um concelho pequeno, onde não é difícil referenciar as famílias com emigrantes ou membros a trabalhar fora”, assinala ao JN.

Também o presidente da Câmara Municipal de Paredes, concelho com mais de 209 casos por 100 mil habitantes, salienta ao diário que tem feito de tudo para a incidência diminuir no município, tendo colocado em marcha uma campanha de sensibilização para a população, bem como se tem procedido à fiscalização em locais públicos da autarquia.

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