Se alguém, algum dia, dissesse a André Leonardo que iria dar uma volta ao mundo de mochila às costas com o dinheiro contado, mas no regresso tornar-se-ia uma inspiração para empreendedores, escreveria livros e apresentaria programas de televisão, o mais provável seria não acreditar. Afinal, como costuma dizer nas suas agora frequentes palestras motivacionais, ele não passava de “um rapaz dos Açores, que cresceu na ilha Terceira, Angra do Heroísmo, mais propriamente na freguesa de São Pedro”. E embora viajar não fizesse parte dos seus sonhos de criança nem das práticas da família, foi isso mesmo que decidiu fazer — em vez de enviar currículos —, quando em 2013, se meteu num avião e deu início a uma viagem que durou um ano, passou por 23 países e recolheu testemunhos de 143 pessoas que não se deixavam abater pelas adversidades. Bem pelo contrário.
Tudo isto pode parecer ainda mais estranho e improvável se nos lembrarmos que, naquele ano, Portugal — aliás, o mundo — permanecia imerso numa crise económica que parecia não ter fim. Mas a verdade é que foi isso mesmo que o sacudiu: “Acho que mais do que o problema de as pessoas estarem a ser despedidas ou a ver o seu ordenado ser reduzido, mais a troika e o FMI [Fundo Monetário Internacional], as pessoas estavam descrentes e fartas de ver malta engravatada na televisão a falar sobre os índices macroeconómicos. Não é isso que inspira, que faz com que as pessoas se levantem do sofá e fiquem com a alma cheia”. Encher a alma, não só a sua, mas sobretudo a dos portugueses, era, pois, o seu objetivo. E partiu. Mas antes, foram necessários 2 anos para preparar a grande odisseia e aprofundar a veia de empreendedor com que nasceu.
Empreender com as flores da mãe
Ainda a palavra “empreendedorismo” não tinha chegado ao vocabulário coletivo, e já André Leonardo a articulava com toda a garra que uma criança pode ter. Por exemplo, em vez de pedir dinheiro para comprar pastilhas, vendia as flores que a mãe plantava no quintal — “o que correu mal”, reconhece numa TED Talk — ou negociava os queijos frescos que a tia-avó do andar de cima produzia. Valia tudo menos ficar parado, e essa tendência manteve-se ao longo dos anos.
Já na faculdade, em Lisboa, passou a interessar-se cada vez mais por aquele universo de quem faz em vez de ver fazer, mas “em Portugal não se falava disso ainda, não havia Web Summits nem nada, estávamos noutro mundo ainda”, recorda. O que o animava era o programa televisivo Shark Tank, que foi precisamente o que lhe deu a ideia para o que fazer depois de acabar o mestrado em Gestão no Iscte-IUL (Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa – Instituto Universitário de Lisboa), onde hoje é professor convidado. “Às tantas, percebi que o que inspira são as pessoas reais”, afirma, e, com isto em mente, rapidamente começou a arquitetar o plano que passaria por vender tudo o que tinha, reunir patrocínios e partir para uma volta ao mundo com uma câmara de filmar e o objetivo de “entrevistar pessoas que fazem acontecer”.
A ideia era clara: “Desde os EUA e Canadá à índia e Tanzânia, as realidades são muito diferentes. Não me interessava o setor onde trabalhava a pessoa que iria entrevistar, se se destacou num emprego de milhões ou num autoemprego. O que me interessava era que a pessoa tinha um objetivo, um contexto, foi à luta e fez acontecer. O que me interessava era contar a história, trazê-la para Portugal e, com isso, inspirar as pessoas de cá. E ao mesmo tempo, já que ia fazer a viagem, iria falar de Portugal lá fora”. Pela frente, esperavam-no mais de 126 mil quilómetros e experiências incríveis. Mas antes, era preciso arranjar meios para concretizar a ideia que muitos consideravam louca — ao ponto de não conseguir quem o acompanhasse.
Consola de jogos? Vende-se
Se bem o pensou, melhor o fez, e, durante 2 anos, preparou-se o melhor que conseguiu para fazer algo que desconhecia por completo como se faz. Uma das principais questões que teve de resolver foi a do dinheiro para a viagem: “Vendi tudo o que tinha, a PlayStation, livros, roupa… tudo. Depois, contactei 97 empresas e dessas consegui sete patrocinadores, sendo que o primeiro que me disse sim foi apenas ao contacto 53”. Ainda assim, o valor de que dispunha “era mesmo muito pouco” e como tal, precisou de adaptar toda a viagem: “Em vez de fazer voos diretos, fiz muitas escalas, ou seja, voos muito mais cansativos, mas muito mais baratos, muitos deles durante a noite para não pagar hotel; procurei grupos de couchsurfing e muitas pessoas davam-me contactos de familiares a viver nos países onde eu ia; dormi muitas vezes em hostels e uma noite ou outra na rua; comi muito atum em lata e emagreci dez quilos durante a viagem, mas tudo se faz”. Além de tudo isto, recorreu ainda ao crowdfunding quando já se encontrava no estrangeiro, e quem entrasse no seu site encontraria uma área para donativos, assim como uma loja online, através da qual vendia t-shirts de cuja logística tratava o irmão, em Portugal.
Traçar uma rota
Antes de partir, houve ainda que delinear o percurso e procurar informação sobre os destinos: “Consumi imensos livros e blogs de viagens, falei com viajantes, bebi tudo isto para me preparar. Em simultâneo, tratei do projeto, porque eu não queria apenas dar uma volta ao mundo, eu queria inspirar as pessoas e ia fazê-lo através de uma volta ao mundo”. Tratar do projeto passava, pois, pela parte crucial de encontrar empreendedores que valessem a pena ser descobertos. Mas, como é que se encontra um empreendedor na Tanzânia, por exemplo? “Através do LinkedIn e do Google, procurando associações de comércio de lá ou contactando associações dinamarquesas que vão lá fazer voluntariado… isso e muitas horas de Skype”, responde, acrescentando que quando saiu de Portugal tinha 100 entrevistas marcadas, mas acabou por fazer mais, “porque depois de estar lá, as ligações aconteciam”, conta em entrevista via Zoom, instalado no seu mais recente projeto, o Mid-Atlantic Hostel, em Angra do Heroísmo.
Uma das perguntas mais frequentes a quem faz este tipo de viagem passa pela definição da rota: estava toda decidida no momento da partida? André Leonardo explica que, “por uma questão de segurança”, optou por um esquema ‘híbrido’ que lhe permitia “ter alguma flexibilidade e, ao mesmo tempo, as coisas mais ou menos controladas”. “Parti com as viagens marcadas para três meses e, a cada mês que passava, marcava para mais um mês, porque numa viagem à volta do mundo sozinho, de mochila às costas, há muita coisa que pode acontecer”, refere. E ainda bem que o fez, pois assim conseguiu aceitar o convite de alojamento que lhe foi endereçado por uma associação nepalesa que o seguia nas redes sociais e soube que ele passaria pela Índia. Acabou, assim, por incluir o Nepal, destino que não estava inicialmente previsto.
Viagem transformadora
Faz Acontecer é o título do livro que André Leonardo publicou à chegada a Portugal, com as entrevistas que realizou aos empreendedores de todo o mundo. Depois disso, a sua vida deu uma volta tão grande como a viagem que realizou. Em 2016, foi considerado “um dos sete jovens que estão a transformar o mundo” pela associação espanhola Pangea, e, em 2017, “um dos 12 jovens líderes de Portugal” pelo Conselho Nacional da Juventude. Pelo caminho, especializou-se em estratégia e empreendedorismo, foi convidado a dar aulas no Iscte-IUL, fundou a empresa Faz Acontecer e escreveu outro livro — Faz Acontecer, Portugal —, tendo ainda apresentado duas séries televisivas baseadas nas suas experiências, além de ter ajudado centenas de empreendedores a concretizar projetos.
Mas será que imaginou que tudo isto viria a ser possível quando lhe surgiu a ideia da viagem? “Eu não sabia bem o que é que isto me ia trazer”, responde, “eu tinha a sensação que me ia trazer coisas boas, mas confesso que estava mais focado na sua concretização. Na altura, pensei que se não o fizesse, quando chegasse aos 80 anos e estivesse velhinho numa cama de hospital, eu não iria estar bem comigo mesmo”. Percebeu que “este sonho é para cumprir e agora” e iria fazê-lo por si, mas com receios, claro, pois “tinha os medos todos de toda a gente”. Isto porque considera que “ter coragem é ficar em casa no sofá, é não aproveitar a vida e negar um sonho”. Embora pareça paradoxal, não é, já que quem arrisca a não concretização do sonho quando este surge poderá ter de lidar com o arrependimento mais tarde, esclarece. Sim, reconhece que a aventura acabou por lhe trazer muitos contactos e visibilidade, “mas isso foi uma consequência”, remata.
As aprendizagens da Covid-19
Agora que outra crise se abateu sobre o mundo, esta causada pela pandemia de Covid-19, muitas são as aprendizagens possíveis. Habituado a falar para auditórios repletos de pessoas que procuram motivação, André Leonardo tem vindo a reforçar um ponto que considera “importante” nesta conjuntura: “A vida funcionava de uma maneira, mas com a pandemia começou a funcionar de outra, e quanto mais depressa as pessoas se desprenderem do que era, mais vão estar prontas para se adaptar ao que é”. Aprofundando a questão, sublinha que “muitas pessoas ficam paradas à espera de que alguém faça alguma coisa para isto voltar ao que era, mas isso não vai acontecer, não conheço ninguém que tenha ganho a luta contra a realidade”, reforça, lembrando que “os empreendedores mais fortes são aqueles que melhor se adaptam às mudanças do mundo”.
Por outro lado, desafia também as suas plateias a serem proativas e a responsabilizarem-se pelo seu próprio caminho: “Qualquer que seja o problema, faz parte da solução”, costuma dizer-lhes, pois “precisamos de andar para a frente. Quando tu te responsabilizas, tens o poder de mudar; se responsabilizas os outros, não tens poder nenhum”.
Mas será que todos nós podemos fazer acontecer? “Acho que sim, está mesmo nas mãos de qualquer um. Aliás, costumo dizer muitas vezes que isto não depende das tuas condições, depende das tuas decisões”, conclui.
Como concretizar?
Tendo em conta que uma das maiores dificuldades para a concretização de objetivos — como a viagem realizada por André Leonardo — passa pelo investimento financeiro necessário, uma das opções disponíveis poderá passar pela obtenção de um crédito pessoal, como os disponibilizados pelo Credibom. Sabendo que, muitas vezes, basta uma pequena ajuda inicial para que o sonho se torne realidade, aqui encontra opções com flexibilidade na escolha da data do débito da prestação e sem comissão de abertura de contrato, como o Crédito Pessoal que permite um financiamento até 75 mil euros (TAN desde 3,99% e TAEG desde 7%), com prazos de 24 a 84 meses; o Crédito Férias, para um financiamento até 10 mil euros (TAN desde 7,10% e TAEG desde 12,58%) e prazos de 12 a 36 meses; ou ainda o Crédito Pessoal Simples, para financiamentos até 4.900 euros (TAN desde 7,10% e TAEG desde 12,58%), com um processo de adesão simplificado e prazos de 12 a 60 meses. E com todas estas opções disponíveis não terá desculpa para não fazer acontecer. Vamos embora?
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Coragem para Sonhar