A Polícia Judiciária está a recolher provas para investigar as denúncias de crimes de auxílio à imigração ilegal, tráfico de pessoas e escravatura em Odemira, onde duas freguesias estão em cerca sanitária por causa da elevada incidência de casos de infeção pelo coronavírus.
Segundo o Público, que avançou esta notícia no domingo, os crimes estão a ser cometidos por “pequenas redes”. Odemira é um concelho de agricultura intensiva, famosa pela apanha da framboesa, onde trabalham imigrantes que moram em condições precárias.
Alberto Matos, dirigente da Solim, uma associação de defesa dos direitos dos imigrantes, disse ao Público que a instituição já fez queixa de situações em que o contratador retém os documentos do trabalhador e o impede de aceder ao Serviço de Estrangeiros e Fronteiras para pedir autorização de residência, por exemplo.
José Alberto Guerreiro, presidente da Câmara Municipal de Odemira, já tinha afirmado à SIC que ele mesmo já denunciou crimes desta natureza há dois anos e que já foi ouvido pela PJ. Mas as autoridades disseram ao Público que a investigação em curso nada tem a ver com as denúncias do autarca.
Os trabalhadores que moram nestas situações precárias são parte do motivo pelo qual Odemira é o centro das preocupações nacionais no combate à pandemia. “Alguma população vive em situações de insalubridade habitacional inadmissível”, confirmou o primeiro-ministro António Costa, descrevendo a situação como um “risco enorme para a saúde pública, para além de uma violação gritante dos direitos humanos”.