“Uma tragédia.” Foi assim que Pablo Iglesias classificou os resultados eleitorais que deram a vitória à direita nas eleições autonómicas de Madrid e que lhe deixaram apenas um caminho: a saída de cena. “Os resultados, o sucesso eleitoral da direita trumpista representada por Ayuso e da extrema direita são uma tragédia. É uma tragédia para a educação, para a saúde e para os serviços públicos. Em termos estatais, prevejo que estes resultados irão agravar os problemas.”

Perante estes factos, o líder do Unidas Podemos vai abandonar a política. O anúncio foi feito na noite de terça-feira, depois de conhecida a vitória da candidata do Partido Popular, Isabel Díaz Ayuso. O PP, sozinho, conseguiu mais eleger mais deputados que toda a esquerda junta. E foi por não ter conseguido alcançar o seu objetivo de destituir Ayuso da Comunidade de Madrid que Iglesias atira a toalha ao chão.

“Deixo todos os meus cargos, deixo a política”, disse Iglesias. “Vimos um aumento e normalização sem precedentes dos discursos fascistas nos media e tenho a absoluta consciência de que me tornei o bode expiatório que mobiliza os efeitos mais sombrios e antidemocráticos.”

Iglesias considerou ainda, falando perante uma plateia de apoiantes, que os resultados eleitorais mostram que não é “uma figura política que possa contribuir para melhorar” o peso eleitoral do partido.

“Ser útil para o Unidas Podemos é a minha maior aspiração, e acho que é evidente que hoje não contribuo para somar, não sou uma figura que contribua para somar para que possamos vencer na Comunidade de Madrid e na Câmara Municipal, e quando a situação é esta, quando te transformaram em bode expiatório, quando o teu papel mobiliza o pior dos que odeiam a democracia, tu tomas decisões. Deixo todos os meus cargos, saio da política, política institucional”, acrescentou.

O líder do Unidas Podemos foi vice-presidente no Governo minoritário do primeiro-ministro socialista, Pedro Sánchez, mas abandonou o executivo para se candidatar às eleições regionais de Madrid. Recentemente, numa entrevista, Iglesias anunciou que se quer dedicar ao “jornalismo crítico” para exercê-lo “com mais rigor do que alguns” jornalistas. O seu plano era fazê-lo em 2023, mas perante a decisão agora tomada, a sua passagem para as televisões pode acontecer mais cedo do que o previsto.

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