A Torcida Verde, uma das claques do Sporting que teve esta segunda-feira alguns dos seus membros como alvos de um ataque posteriormente confirmado pela própria PSP como tendo sido feito por elementos da claque do Benfica Diabos Vermelhos, emitiu um longo comunicado onde explica o que se passou em Alvalade na véspera, fazendo uma separação entre os adeptos de futebol, qualquer que seja o seu clube, e os agressores. Como o Observador avançou, um dos carros envolvidos foi apreendido perto do Estádio da Luz, sendo que o outro, bem como os seus ocupantes, encontra-se também identificado pelas autoridades.

Adeptos do Sporting atacados em Alvalade por membros dos Diabos Vermelhos. PSP já apreendeu um carro junto ao Estádio da Luz

“No dia do tributo aos que caíram pela pandemia, a infâmia desceu à rua… ‘Aos que partiram e nos deixaram a saudade como companheira’ foi a frase de tributo aos adeptos, de todas as cores que caíram, vitimados pela pandemia que, na Torcida Verde autoproduzimos nos últimos meses. O dia do desconfinamento foi o momento escolhido para gravarmos um vídeo que planeámos apresentar no próximo dia do Leão, a 7 de maio. Dessa forma, no último dia 3 Maio, nas imediações do EJA, implementámos o planeado vídeo, plasmado numa mega bandeira com 53 m/8m. Uma ação que decorreu durante várias horas”, começa por explicar o comunicado.

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“Após concluída a ação e quando muitos dos nossos militantes, participantes na iniciativa haviam desmobilizado, restando um restrito grupo com a tarefa de acondicionar o materiais e fazer a habitual limpeza do espaço contíguo à nossa sede. Uma horda de criaturas desenfreadas irrompe de dois automóveis e um motociclo. Envolvidos na recolha dos materiais, a presença fulminante daquela horda de camuflados e de seus zurros de ódio, no imediato não surtiu qualquer reação em nós, de tão grotesca e inaudita. O que se seguiu é impublicável, tal a sua infame natureza”, sublinha, prosseguindo depois com pormenores das agressões.

“Não escondemos que poderia ter ocorrido uma ou diversas fatalidades. A Torcida Verde, em circunstância alguma irá contribuir para alimentar o discurso de ódio que, de forma transversal capturou a sociedade portuguesa e o “futebol” em particular. Caso contrário, estaríamos a alimentar o fenómeno que enfrentámos no dia 3 de maio 2021. Da horda boçal que emboscou os nossos militantes, não podemos afirmar tratarem-se de adeptos de qualquer clube desportivo, até porque se apresentaram heroicamente travestidos, como forma de se camuflarem. Seguramente uma manifestação de infinita coragem”, prossegue a missiva.

“É nossa convicção,que essa horda de acéfalos não será composta por adeptos de futebol, nem tão pouco ‘ultras’. Quando muito, usam como pretexto a ‘paixão clubística’ e o rótulo ‘ultras’ como uma marca de ‘Wear street’ para expiarem suas patológicas frustrações, claramente no campo da psicopatia. Jamais iremos confundir a suprarreferida horda boçal com os verdadeiros adeptos do presumível clube onde se escondem para exibir uma clamorosa impunidade que expõe quão doente se encontra esta nossa sociedade. Vivemos num contexto de pandemia, no qual mais de três milhões de seres humanos perderam a vida, outros contraíram sequelas permanentes, outros ainda viram suas condições de vida destruídas. Quando pensamos que, esse deveria ser o foco de qualquer terráqueo com mais que um neurónio, percebemos que alguns persistem em viver numa realidade onde a consciência humana se eclipsou, permitindo-nos vocar uma nossa faixa de 2016, censurada num jogo da “UEFA” vejo humanos, não vejo humanidade”, reflete, entre outras considerações.

“Para esses eternos candidatos a ‘rambos do novo milénio, uns dias correm-lhes na perfeição, outros… nem por isso. Terão sido seduzidos conscientemente para uma aventura, qual ritual de iniciação tribal, perante os seus donos como forma de afirmação dentro da pandilha. Um bizarro elevador social no qual a caça em matilha exige a ‘conquista’ de troféus de caça para poderem exibir no admirável mundo virtual, onde imaginam poder continuar escondidos no anonimato de falsos perfis, vegetando e chafurdando em seus ódios e frustrações (…) Por outro lado, há que destacar a ‘sofisticação’ e o ‘planeamento’ de tal ‘operação’ na qual foram mobilizados ‘batedores de reconhecimento do terreno’, serviços de informações, e por aí fora capazes de fazer corar muitos dos saudosistas da PIDE ou da GESTAPO. Por isso, reafirmamos: a horda acéfala não era composta de adeptos, nem tão pouco de ultras. Ultras não espiam outros adeptos. Ultras não armadilham outros adeptos. Ultras não se travestem nem se escondem em indumentárias por mais ‘fashion’ que sejam”, conclui.