As cirurgias programadas realizadas em março e abril nos hospitais do Algarve foram “mais do dobro” do que em janeiro e fevereiro, meses em que os internamentos por Covid-19 atingiram os valores mais altos desde o início da pandemia.
Questionada pela Lusa sobre a retoma da atividade assistencial não associada à Covid-19, a administração do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) referiu que as “cirurgias programadas realizadas em março e abril de 2021 representam mais do dobro das cirurgias realizadas em janeiro e fevereiro de 2021”.
Segundo a mesma fonte, a atividade assistencial não-Covid “cresceu significativamente a partir de março de 2021”, acompanhando “o aliviar” da situação epidemiológica. No entanto, este crescimento na atividade assistencial “fez-se notar com mais expressividade na área cirúrgica do que nas consultas externas, uma vez que nestas o condicionamento assistencial associado à pandemia foi inferior”.
Depois de viverem meses de grande pressão, de registarem dezenas de mortes diárias, os hospitais portugueses vivem agora uma fase de acalmia em que os doentes internados com Covid-19 não chegam às duas dezenas em cada hospital.
A situação de maior pressão levou à abertura de hospitais de campanha, à construção de unidades de cuidados intensivos, à transferência de doentes entre regiões e ao cancelamento de atividade assistencial aos doentes não-Covid, agora a ser recuperada.
De acordo com a administração do centro hospitalar — que reúne os hospitais de Faro, Portimão e um, de menor dimensão, em Lagos — o número de cirurgias realizadas em março e abril é já “significativamente superior” ao verificado em 2020.
Quanto às especialidades com maiores constrangimentos, o CHUA aponta a Oftalmologia, Ortopedia, Cirurgia Geral, Ginecologia, Neurocirurgia e Urologia como “aquelas que, em número absoluto, apresentam mais doentes a aguardar cirurgia ou primeira consulta externa hospitalar”.
Relativamente às consultas, em março e abril deste ano verificou-se um aumento de 20% no número de consultas nas unidades hospitalares da região, face ao verificado nos meses de janeiro e fevereiro, acrescentou a mesma fonte.
Desde o início da pandemia em março de 2020, os hospitais portugueses tiveram de dar resposta a três vagas da epidemia, que originaram a morte de 16.999 pessoas em Portugal dos 840.929 casos de infeção confirmados.
Portugal registou nesta quinta-feira uma morte atribuída à Covid-19, 436 novos casos de infeção pelo coronavírus SARS-CoV-2, continuando a verificar-se uma diminuição nos internamentos, mas mais casos ativos, segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS).
De acordo com o boletim epidemiológico da DGS, estão hoje internados em cuidados intensivos 70 doentes, menos um em relação a quarta-feira. Já no que se refere aos internamentos em enfermaria, os dados indicam que estão nesta quinta-feira internados 244 doentes, menos quatro.