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Aviões israelitas lançaram novos ataques em Gaza. Conselho de Segurança da ONU não chegou a entendimento

Este artigo tem mais de 2 anos

Pela segunda semana, continuam ataques em Gaza. Israel acusa Hamas de se esconder atrás de civis e promete "força total" nos ataques. Conselho de Segurança da ONU ainda não apela ao fim do conflito.

Israeli attacks over Gaza
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Uma criança ferida é salva por entre os destroços de edifícios atingidos no bairro de al-Rimal em Gaza

Anadolu Agency via Getty Images

Uma criança ferida é salva por entre os destroços de edifícios atingidos no bairro de al-Rimal em Gaza

Anadolu Agency via Getty Images

As hostilidades não têm parado de parte a parte entre Hamas e Israel e, no total, as duas partes em conflito dão conta de pelo menos 207 vítimas mortais, de acordo com o último balanço recolhido pelo New York Times. Só nos ataques de domingo, sobretudo durante a madrugada, terão morrido pelo menos 42 pessoas em Gaza, incluindo 16 mulheres e 10 crianças, e haverá dezenas de feridos, segundo o ministro da Saúde de Gaza, citado pelos jornais internacionais. As autoridades palestinianas garantem que há 197 mortes na sequência de ataques israelitas desde a passada segunda-feira, das quais 58 crianças.

À entrada da segunda semana, continuaram os ataques com aviões israelitas a lançar dezenas de mísseis em diferentes partes do enclave palestiniano, de acordo com o relato de vários repórteres de agências de notícias internacionais. A Força Aérea Israelita fez uma breve declaração para confirmar que tinha “aviões de combate” a atingir “alvos terroristas” em Gaza. De acordo com a agência Associated Press, várias explosões abalaram a cidade de norte para sul durante cerca de 10 minutos na noite de domingo, acrescentando ainda que os ataques foram mais intensos que a série de raides aéreos ocorridos na noite anterior.

Por outro lado, o Hamas continuou a atacar cidades do sul de Israel, sem registo de novas vítimas. Segundo a BBC, a Reuters e a Associated Press, há pelo menos 10 mortes em Israel (incluindo duas crianças) desde que começou o conflito, embora o New York Times refira já 12 vítimas.

É com este pano de fundo que os membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas estiveram reunidos na tarde deste domingo por videoconferência. Só que, apesar da escalada do conflito — o mais grave desde 2014 —, não foi emitida qualquer declaração após o encontro.

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China, Noruega e Tunísia tentaram que este organismo apelasse ao fim das hostilidades, mas foram bloqueados pelos Estados Unidos, que, segundo os diplomatas, está preocupado com a possibilidade de interferência nos esforços diplomáticos para pôr fim à violência.

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Numa declaração ao Conselho de Segurança, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Palestina, Riyad al-Maliki, acusou Israel de “crimes de guerra”. “Alguns não querem usar essas palavras — crimes de guerra e crimes contra a humanidade —, mas sabem que é a verdade”, disse ainda, citado pela agência Lusa. Al-Maliki acusou Israel de ser “impiedoso e implacável na prossecução da sua política colonial”.

“Qual é o limite para a revolta?” do Conselho de Segurança, questionou Riyad Al-Maliki, citado pela BBC. “Quantas mortes de palestinianos serão necessárias antes de uma condenação?” Riyadal-Maliki denunciou a “agressão” israelita: “Continuam a dizer-vos ‘ponham-se nos meus sapatos’, mas Israel não está a calçar sapatos, está a usar botas militares”.

Do lado de Israel, o embaixador junto das Nações Unidas, Gilad Erdan, apelou ao Conselho de Segurança que tivesse em consideração que “não é a primeira vez que o Hamas dispara contra civis israelitas, enquanto se esconde por detrás de civis palestinianos“. Ainda assim, garantiu que Israel está a fazer o que pode para evitar mortes de inocentes.

Já o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu garante que a operação face ao Hamas “ainda não acabou e vai continuar enquanto for necessário” com “força total”. O primeiro-ministro israelita afirma que o grupo palestiniano, que controla a Faixa de Gaza, tem de pagar “um preço elevado” para que “haja paz e segurança” na região.

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Os combates começaram no passado dia 10 de maio, com disparos de rockets do Hamas — depois de semanas de tensão entre israelitas e palestinianos em Jerusalém Oriental —, desencadeando o assalto de Israel a Gaza.

Entre os rastilhos para esta escalada estiveram os confrontos na Esplanada das Mesquitas (ao mesmo tempo o local mais sagrado do Judaísmo e terceiro lugar mais sagrado do Islão), em que palestinianos retaliaram face às restrições impostas pela polícia israelita durante o Ramadão — ao contrário do que é habitual, foram impedidos de se reunir nas escadas da Porta de Damasco, na Cidade Velha de Jerusalém. Outra fonte de tensão diz respeito às tentativas de despejo de dezenas de famílias palestinianas por colonos judeus.

Palestine Israel Conflict

NurPhoto via Getty Images

Conflito pode tornar-se numa crise “descontrolada”

Na reunião do Conselho de Segurança, António Guterres, Secretário-Geral das Nações Unidas, pediu o fim do conflito, alertando que pode tornar-se numa crise “descontrolada”, tanto do ponto de vista humanitário como de segurança, e afetar todo o Médio Oriente. Citado pela agência Lusa, o antigo primeiro-ministro português fala numa “carnificina” e hostilidades “terríveis”, deixando mais distante a possibilidade de “qualquer esperança de coexistência e paz”.

Mais tarde deixaria também uma mensagem no Twitter: “A atual violência em Gaza e Israel apenas perpetua os ciclos de morte, destruição e desespero”, escreveu o antigo-primeiro-ministro. “O conflito tem de terminar imediatamente. As Nações Unidas estão a envolver todas as partes com vista a um cessar-fogo imediato”.

Ao longo da última semana, os membros do Conselho de Segurança estiveram reunidos de forma informal pelo menos duas vezes, de acordo com o New York Times, para tentar encontrar soluções que façam reduzir as tensões. Mas havia até aqui, ainda segundo este jornal, resistência americana face a um possível encontro público.

Nesta reunião por videoconferência, além de EUA, Rússia, França, Reino Unido e China (membros permanentes, que têm direito de veto), participam ainda 10 membros não permanentes deste órgão, com mandatos de dois anos — Índia, México, Noruega, Irlanda, Estónia, Níger, Quénia, Tunísia, Vietname e São Vicente e Granadinas (país das Caraíbas).

Médio Oriente: Secretário-geral da ONU alerta para crise “descontrolada” e pede fim da violência

Também na UE, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, convocou para terça-feira uma reunião de emergência dos ministros dos Negócios Estrangeiros dos 27 para discutir escalada da violência entre Israel e palestinianos.

“Tendo em conta a escalada em curso entre Israel e Palestina e o número inaceitável de vítimas civis, convoquei uma videoconferência extraordinária dos Ministros das Relações Exteriores da UE para terça-feira”, disse Borrel no Twitter. “Vamos coordenar e discutir a melhor forma de a UE contribuir para acabar com a violência atual”.

Médio Oriente. Ministros da União Europeia reúnem-se de emergência na terça-feira

Noutra reação este domingo, o Papa Francisco apelou ao fim do conflito, durante a oração no Vaticano. “Será que realmente achamos que podemos construir a paz destruindo-nos uns aos outros?”, perguntou o líder da Igreja Católica. O Papa considera “terrível e inaceitável” a morte de inocentes, tendo apelado à calma entre as partes envolvidas no conflito.

EUA querem que Hamas acabe com rockets e apoia direito à defesa de Israel

Da parte dos EUA, antigo aliado de Israel, o presidente Joe Biden emitiu um comunicado este sábado à noite, depois de uma conversa telefónica com Mahmoud Abbas, o presidente da Autoridade Palestiniana, em que sublinhou “a necessidade de o Hamas acabar com os disparos de rockets contra Israel”. O Hamas, rival da Fatah (partido de Abbas) que controla a Faixa de Gaza desde as eleições de 2007, é considerado como grupo terrorista nos EUA, na União Europeia e em Israel.

O chefe de Estado norte-americano assumiu o compromisso de “fortalecer a parceria entre os EUA e a Palestina”. Os dois líderes falaram “sobre as recentes tensões em Jerusalém e na Cisjordânia” — a parte palestiniana que Abbas controla e que, apesar dos problemas com colonos, não está a ser atacada por Israel — e “expressaram os seus desejos para que Jerusalém possa ser um local de bonita coexistência para pessoas de todas as fés”, lê-se ainda no comunicado. “Manifestaram ainda preocupação com a morte de civis inocentes, incluindo crianças, que tragicamente perderam as suas vidas”.

Antes, tinha sido noticiado que o presidente americano disse ao primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que apoia o direito de Israel a defender-se, embora expressando preocupação relativamente às mortes em ambos os lados da barricada.

Os EUA avisaram também, relativamente ao edifício em que trabalhavam a agência AP e a televisão Al-Jazeera — que ficou completamente destruído —, que “garantir a segurança dos jornalistas e dos meios de comunicação independentes é uma responsabilidade de importância crítica”.

“Não vi este nível de destruição durante os meus 14 anos de trabalho”

Esta manhã, em Gaza, procuravam-se palestinianos soterrados por baixo dos edifícios atingidos. A principal fotografia deste artigo é de uma criança ferida a ser salva, mas as agências de notícias internacionais têm registos fotográficos que mostram várias crianças e muitos outros palestinianos a serem retirados mortos dos escombros. Uma das vítimas deste domingo foi Ayman Abu al-Ouf, chefe do departamento de medicina interna do Hospital Shifa e membro do comité de gestão do coronavírus, enquanto os seus dois filhos adolescentes e outros dois membros da família ficaram soterrados.

Não vi este nível de destruição durante os meus 14 anos de trabalho, nem mesmo na guerra de 2014”, disse Samir al-Khatib, um trabalhador de emergência em Gaza, citado por agências internacionais.

Cerca de 34.000 palestinianos ficaram sem casa, segundo Tor Wennesland, o enviado ao Médio Oriente das Nações Unidas, que falou na reunião de emergência do Conselho de Segurança.

Israel Continues Gaza Attacks Amid Rumors Of Ground Offensive

Getty Images

O exército israelita terá ainda atingido a casa do chefe político e militar do Hamas em Gaza, Yehiya Sinwar, na cidade de Khan Yunis, mas não há qualquer indicação de que a habitação estivesse ocupada. E, de acordo com o exército israelita, citado por órgãos de comunicação social locais, também foi atacada a casa de Raed Sa’ad, comandante operacional do Hamas, que Israel considerava como uma infraestrutura militar do grupo. No total, Israel diz ter eliminado até agora 75 militantes palestinianos, segundo o New York Times.

Segundo um porta-voz do exército israelita, os ataques visaram infraestruturas militares subterrâneas do Hamas, que “ruíram, causando o colapso das fundações de casas civis que estavam acima delas, levando a baixas involuntárias”.

Do outro lado, o Hamas não para também de atirar rockets para cidades do sul de Israel, nomeadamente Ashdod e Beersheba.  E Israel diz mesmo que o país nunca tinha sido atacado com tanta intensidade por rockets, nem em anteriores ataques a partir de Gaza, nem em 2006, no conflito com o Hezbollah no Líbano. Citado pela BBC, Ori Gordin, alta patente do exército israelita, disse aos jornalistas que foram disparados 3 mil rockets desde segunda-feira contra território de Israel. Este sábado terão sido 278.

Na manhã deste domingo, de acordo com meios de comunicação social israelitas, ouviram-se as sirenes ao longo de toda a fronteira entre Israel e a Faixa de Gaza, nomeadamente em Sderot, Gavim, Nir Am, Ibim e Mefalsim. E durante a noite, também nas cidades de Tel Aviv, Rishon Lezion e Givatayim. Citando o exército israelita, a BBC dá conta de cerca de 130 mísseis disparados só durante a madrugada e ainda mais na manhã deste domingo. Os ferimentos registados pelas autoridades israelitas estão relacionados com a tentativa de entrar em abrigos anti-bomba, de acordo com a televisão britânica.

Num vídeo colocado no Twitter por um jornalista israelita, é possível verificar o sistema de defesa antiaéreo israelita, Iron Dome, a intercetar rockets palestinianos.

AP e Al-Jazeera têm nova casa temporária em Gaza

Os jornalistas da agência norte-americana Associated Press  (AP) e da televisão árabe Al-Jazeera em Gaza, que foram obrigados a fugir das redações para não serem atingidos por um míssil de Israel, estão agora temporariamente na redação da agência France Press.

A Torre Jala desabou por completo este sábado, depois de mais um bombardeamento das forças israelitas. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, reagiu dizendo que o edifício tinha “alvos terroristas” e o exército israelita acrescentaria que o Hamas usava o edifício para serviços de inteligência e para fazer armas — acusações negadas pelo proprietário do edifício. Também a Associated Press, que estava naquele edifício há 15 anos, exigiu ao governo israelita que mostre as provas das acusações que fez.

Momentos antes do ataque, segundo a agência Reuters, o edifício tinha sido evacuado, depois de o proprietário, Jawwad Mahdi, ter recebido um alerta de um oficial dos serviços secretos de Israel, que deu uma hora de pré-aviso antes de iniciar o ataque ao edifício. O proprietário diz ter pedido mais 10 minutos para que os jornalistas pudessem salvar equipamento, mas este apelo terá sido negado.

Última atualização: 17 de maio, 5h32

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