Por esta ninguém esperava. Habituados a lidar com os móveis da Ikea, baratos e práticos, que se montam em casa com recurso a uma chave sextavada interior e pouco mais, imagine-se a surpresa quando começou a circular pelos media internacionais que a empresa de mobiliário nórdica poderia estar a preparar  um automóvel eléctrico para montar em casa. O veículo em causa parece minimalista, prático e simples, como é habitual na Ikea, tendo sido concebido por Ryan Schlotthauer, um estudante do último ano de design.

Denominado Ikea Höga, o curioso protótipo tem demasiadas boas ideias para ficar por aqui. Com assentos para dois adultos, tem apenas 1,8 metros de altura e 2,3 metros de comprimento, substancialmente mais alto e mais curto do que o seu rival natural, o Citroën Ami (1,39 m e 2,41 m), ficando igualmente longe do comprimento do Smart Fortwo (2,69 m).

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Mas tal como as mesas, camas e estantes da Ikea que potenciam o aproveitamento de espaços exíguos, também este protótipo tem uns truques na manga, o que lhe permitir substituir momentaneamente o lugar do passageiro por um espaço para acolher uma cadeira de rodas, ideal para pessoas com mobilidade reduzida. Os surfistas e os ciclistas não foram esquecidos, pois também haverá uma solução para acolher as suas ferramentas de trabalho ou lazer, consoante o caso.

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O Höga surge como um veículo simples, mas eficaz. No entanto, montá-lo poderá exigir um pouco mais de dedicação e “queda” para trabalhos manuais do que uma cama de bebé. As 374 peças que é necessário fixar, antes que o Höga possa ser usado para serpentear entre o trânsito, obrigam primeiro a criar uma plataforma onde se instalará o pack de baterias, travões, as rodas e as respectivas suspensões, apesar de estas últimas não serem evidentes nos desenhos divulgados.

O Ikea Höga foi imaginado para ser proposto por 5300€ e entregue num “kit” como este, que vai exigir alguma dedicação para ser montado em casa

A plataforma, a parte mais rígida do Höga, servirá para fixar uma estrutura e, depois, o resto da carroçaria, mas terá de se encontrar uma forma de garantir que o carro está bem montado, pois se é perigoso uma mesa perder repentinamente um dos pés, é muito mais delicado um veículo perder uma roda, só porque faltou apertar aquele parafuso, ou ficar sem travões, só porque alguém não seguiu a ordem indicada no manual de instruções…

Apesar de pequeno e curto entre eixos, Schlotthauer propõe-se dotar o Höga com um sistema de quatro rodas direccionais, o que será excessivo num modelo destas dimensões. Curiosa é igualmente a forma como se acede ao habitáculo, com os vidros frontal e traseiro a transformarem-se em portas que abrem na vertical – a fazer lembrar o BMW Isetta -, com a particularidade de levar consigo o volante, os pedais e o generoso ecrã central.

Adeus trotinetas! Ami é “a loucura” na cidade

Schlotthauer projecta a possibilidade de o Höga poder vir a ser comercializado por 5300€, menos do que os 6900€ pedidos pelo Citroën Ami que, contudo, já é entregue completamente montado. Não será fácil para o Höga dar o salto da prancheta de design do criativo Schlotthauer para as ruas das nossas cidades. Mas é pena se não o fizer, pois o mercado está mesmo a pedir um produto da Ikea sobre rodas, como aliás pode ver pelas reações da imprensa internacional (no L’Automobile, L’Argus e Autonews). Mas não necessariamente para montar lá em casa…

Artigo actualizado às 21h20 com a indicação de que este projecto surge no âmbito de um trabalho de final de curso, não vinculando as empresas Ikea e Renault.