A vacina produzida pela alemã CureVac obteve resultados dececionantes nos ensaios clínicos cujos resultados foram conhecidos ao final do dia de quarta-feira. A vacina terá tido uma eficácia de apenas 47%, o que contrasta com os cerca de 95% de outras vacinas que, tal como a da CureVac, funcionam através de RNA mensageiro.
O resultado, embora seja ainda preliminar, é um duro golpe nas expectativas de que esta vacina venha a ser útil no combate à pandemia de Covid-19 em todo o mundo – com uma eficácia que fica abaixo dos 50% mínimos que a Agência Europeia do Medicamento, por exemplo, exige para sequer ponderar uma aprovação. Os responsáveis da empresa garantem, porém, que continuam empenhados na pesquisa e mostram ter esperança de que os dados definitivos (a conhecer dentro de algumas semanas) possam ser mais animadores.
Caso essa aprovação venha a ser dada, no caso da Europa a União Europeia tem um acordo assinado para a compra de 405 milhões de doses da vacina. Mas não será fácil, já que alguns especialistas lembram que, como os dados do terreno já estão fechados, dificilmente haverá uma alteração substancial do resultado final – numa vacina mais barata e que tem a vantagem de poder ser conservada ao longo de vários meses num simples frigorífico (outras vacinas mRNA têm requisitos de conservação muito mais exigentes).
CureVac. Avanços e recuos na procura de uma vacina “europeia”
Houve 40 mil pessoas envolvidas no estudo da eficácia da vacina, voluntários que vivem na América Latina e na Europa. No final, houve 135 pessoas que ficaram doentes com Covid-19 – foram comparados o número de pessoas que ficaram doentes que tinham recebido um placebo com o número de voluntários que tinham recebido a vacina. A diferença entre os dois valores não foi muito grande, fazendo com que a taxa de eficácia tenha sido calculada em apenas 47%.
Epidemiologistas citados pelo The New York Times salientam que os resultados poderão contrastar tanto com os valores da Pfizer e da Moderna em parte porque quando os ensaios clínicos foram feitos para essas duas vacinas não havia tantas variantes (mais contagiosas) em circulação, designadamente na América Latina e Europa, onde decorreram os testes da CureVac.
A própria CureVac reconhece que os resultados preliminares não são tão robustos quanto a empresa esperava mas deixa uma nota que ilustra o risco que as novas variantes podem colocar: “demonstrar eficácia elevada perante uma diversidade tão grande de variantes é um desafio“. As ações da empresa caíram mais de 50% na negociação pós-mercado da bolsa alemã.