Um dia após o desaparecimento de Noah, as autoridades continuam sem qualquer indício do seu paradeiro. O menino de dois anos desapareceu na manhã de quarta-feira, estima-se que entre as 5h30 e as 8h da manhã, na zona de Proença-a-Velha, no município de Idanha-a-Nova. O alerta foi dado pela mãe da criança, que pelas 8h se apercebeu que Noah não estava na cama. Apenas a sua irmã, de seis anos, dormia.
A Guarda Nacional Republicana (GNR) de Castelo Branco, que se deslocou ao local após o contacto da mãe de Noah, pelas 8h30, montou rapidamente um dispositivo de busca, mas até agora ainda não foi possível encontrar a criança. Até ao momento foram descobertas várias peças de roupa junto de um rio, a cadela da família, que as autoridades acreditam ter acompanhado o menor, e pegadas de uma criança.
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O que se sabe
Eram 8h desta quarta-feira quando a mãe de Noah acordou e se apercebeu de que o filho não estava na cama. Apenas a filha, de seis anos, se encontrava a dormir. Enquanto procurava pelo menino, notou que as suas galochas azuis tinham desaparecido. Segundo o Correio da Manhã, a criança de dois anos teria certa vez seguido o pai, um agricultor sul-americano, até ao terreno agrícola onde costuma trabalhar, o que levou a mãe, de nacionalidade portuguesa, a procurá-la nas imediações da casa antes de chamar a polícia.
Sem sinais de Noah, por volta das 8h30, ligou para a GNR.
As autoridades chegaram ao local pelas 9h iniciaram de imediato as buscas no terreno, uma zona acidentada de mato onde existem vários poços, alguns deles sem vedação, com o auxílio de elementos cinotécnicos (cães) e meios aéreos (drones). Foi estabelecido que Noah devia ter saído de casa, provavelmente acompanhado pela cadela da família, Melina, também desaparecida, entre as 5h30, após o pai ter ido trabalhar para o campo, e as 8h, quando a mãe acordou. O animal foi encontrado pelas 19h, a dois ou três quilómetros de casa.
Posteriormente, a mãe da criança colocou um apelo num grupo público do Facebook, pedindo às pessoas da região que ajudassem nas buscas. De acordo com o Jornal de Notícias, os pais e avós de Noah, agricultores biológicos, são muito estimados pela população, razão pela qual várias dezenas de pessoas decidiram juntar-se às buscas. Ao início da madrugada, seriam perto de uma centena. A GNR apelou a que os civis tenham cuidado e que se mantenham em contacto com os militares no terreno, responsáveis por coordenar a operação.
A família chegou a oferecer uma recompensa de 500 euros a quem encontrasse Noah, mas a publicação acabou por ser retirada das redes sociais.
As buscas prolongaram-se pela noite dentro. Às 00h00 desta quinta-feira, fonte da GNR indicou ao Observador que durante o dia foi encontrada “uma peça de roupa de criança”. A mãe de Noah terá confirmado às autoridades tratar-se da t-shirt do menino. A peça estaria seca e debaixo de pedras, referiu o Correio da Manhã. Ao início da tarde desta quinta-feira, a SIC noticiou a descoberta de outras peças de roupa — uns calções, uma fralda e uma bota — perto do Rio Torto, que a polícia acredita pertencerem ao menino de dois anos. As autoridades acabaram por confirmar, no briefing das 14h, que tinham sido encontrada mais uma peça de roupa — uns calções — e uma bota.
Não muito longe, a cerca de 300 metros, um grupo de civis encontrou pegadas de criança.
As autoridades estão a concentrar as buscas nessa zona, onde foi também encontrada a cadela Melina ao final da tarde de quarta-feira pelo proprietário de uma quinta que fica a alguns quilómetros da casa da família. O dispositivo foi reajustado e reforçado e as buscas continuam esta quinta-feira. Pelas 12h, encontravam-se a participar na operação 127 elementos, que incluem militares da GNR, elementos da Proteção Civil e bombeiros. Os meios mantêm-se, mas há mergulhadores, drones e aparelhos cinotécnicos no local.
O reconhecimento de vários poços na zona, a maioria deles abandonados, levou à colaboração das equipas de mergulhadores da GNR, que pelas 9h desta quinta-feira já se encontravam no local. Uma das missões realizadas durante a noite foi a do reconhecimento da área, permitindo a identificação de várias “linhas de água”, explicou Jorge Massano, oficial de comunicação e relações públicas do Comando Territorial da GNR de Castelo Branco, durante o primeiro briefing matinal.
O que falta saber
Para além de se desconhecer o paradeiro da criança, permanecem várias dúvidas relativamente ao seu desaparecimento, nomeadamente como terá a Noah conseguido sair de casa durante a manhã de quarta-feira. Os pais, que segundo o Correio da Manhã já foram ouvidos pela PJ, terão descrito a criança como ágil e com capacidade para calçar as galochas. De acordo com o mesmo jornal, os pais terão o hábito de deixar a porta destrancada.
A PJ estará inclinada para a tese de “desaparecimento acidental”, noticiou o Expresso. De acordo com o jornal, apesar ser ainda cedo para tirar conclusões definitivas, os inspetores acreditam não existir indícios de que a criança tenha sido vítima de ação criminosa. Fonte ouvida pelo Expresso lembrou que não seria a primeira vez que Noah sairia de casa atrás do pai, que costuma sair cedo de casa.
Ainda segundo a mesma fonte, os depoimentos de familiares e vizinhos terão revelado que a família é “estruturada”, “trabalhadora” e “sem referências negativas”. A PJ irá, no entanto, manter-se atenta “a todos os sinais por parte da família”.
À medida que as horas vão passando, a situação vai-se dificultando. Em declarações aos jornalistas, pelas 12h, o comandante dos bombeiros, que estão a colaborar com a GNR nas buscas, admitiu que “a situação pode tornar-se complicada”. Às 16h, Jorge Massano confirmou que o local das buscas tinha sido alargado e que os meios se mantinham todos no local.
Artigo atualizado às 14h41