Noah, o bebé de dois anos que estava desaparecido em Proença-a-Velha há mais de um dia, foi encontrado com vida, confirmou a Polícia Judiciária ao Observador. A criança não está ferida, foi transportada para um posto médico na aldeia de Idanha-a-Velha, onde foi avaliado o estado de saúde e seguiu para o Hospital de Castelo Branco. Um amigo da família conta ao Observador que viu Noah “de pé a beber água”.

Jorge Massano, capitão da GNR, revelou aos jornalistas que Noah foi encontrado por populares numa zona florestal por volta das 20h, em Proença-a-Velha, “mais perto de Medelim”, um local para o qual a GNR alargou as buscas durante a tarde. Entre a casa de Noah e o local onde foi encontrado são cerca de quatro quilómetros em linha reta, mas a GNR acredita que terá percorrido “cerca de 10 quilómetros”.

O menino de dois anos e meio encontra-se consciente, lúcido e bem-disposto e vai ficar internado por “precaução” e “para estabilizar um quadro de desidratação”, informou o Hospital de Castelo Branco. “A criança encontra-se consciente, lúcida, colaborante e bem-disposta, apresentando um quadro de desidratação, devido ao longo período em que esteve sozinha. Deste modo, ficará internada por precaução e para estabilizar esse mesmo quadro de desidratação”, disse à agência Lusa a diretora clínica do Hospital Amato Lusitano, Eugénia André.

Segundo detalhou, o menino ficará internado no serviço de Pediatria daquela unidade de saúde, onde foi observado assim que deu entrada.

A médica informou ainda que os pais estiveram a acompanhar a criança.

O momento em que Noah é transportado de ambulância após ser assistido no posto médico de Idanha-a-Velha (João Porfírio/Observador)

Noah foi dado como desaparecido na quarta-feira de manhã, na zona de Proença-a-Velha, no município de Idanha-a-Nova, pela mãe, que deu pela falta do filho quando acordou pelas 8h. As buscas da GNR iniciaram-se pouco depois do alerta, na quarta-feira, e foram encontradas algumas peças de roupa durante os trabalhos, bem como a cadela Melina que também não estava em casa quando a mãe se apercebeu que Noah não estava no local.

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Depois de mais de 30 horas de buscas, a GNR encontrou pegadas que aparentemente pertenciam a uma criança e Jorge Massano, capitão da GNR, referiu, na altura, que as mesmas estavam marcadas no chão “em direção a leste”, sendo que “seguindo esse vetor teríamos um percurso de água”.

Durante os vários briefings feitos pela GNR durante o dia, as autoridades confirmaram ainda que, além da t-shirt encontrada durante a noite, também foram encontrados uns calções e uma bota a 1300 metros da primeira peça de roupa.

O perímetro das buscas foi alargado durante o dia e Noah esteve a ser procurado num espaço com “20 quilómetros de raio” por 127 elementos no terreno e dos mergulhadores, equipamentos com valências cinotécnicas e drones . Além das autoridades, os pais também estão a participaram nas buscas, bem como voluntários civis.

O carro do pai de Noah junto à sua casa da família em Proença-a-Velha. (João Porfírio/Observador)

Criança terá saído de casa entre as 5h e 8h após o pai ter ido trabalhar. Mãe deu o alerta pelas 8h30

Noah terá saído de casa sozinho entre as 5h (depois de o pai ter saído para trabalhar num terreno agrícola) e as 8h, hora a mãe acordou e deu por falta da criança. A criança terá dormido com a mãe no beliche que partilha com a irmã por ter sido noite de trovoada, refere o Expresso com base em fonte da PJ. A mulher notou que as galochas azuis de Noah tinham desaparecido. A irmã, de seis anos, estava a dormir. Foi a mãe das crianças que alertou as autoridades, pelas 8h30.

Numa publicação no Facebook, onde deixou posteriormente um apelo às pessoas da região para pedir que ajudassem nas buscas, foi atualizando o avanço das operações, adiantando que a GNR chegou ao local às 9h, com cães e um drone. Por volta das 16h30, revelou também às pessoas que se disponibilizaram para ajudar que tinha chegado uma nova equipa de cães e que os grupos estavam a ser organizados para fazerem buscas nos locais que ainda estavam por verificar.

A família chegou a oferecer uma recompensa de 500 euros a quem encontrasse a criança, publicando essa informação nas redes sociais, mas acabou por retirá-la e apagar a publicação.

Pais tinham o hábito de deixar a porta de casa destrancada. PJ inclinada para tese de “desaparecimento acidental”

Os pais de Noah já foram ouvidos pela PJ. Segundo o Correio da Manhã, terão descrito a criança como ágil e com capacidade para calçar as galochas, revelando que, certa vez, seguiu o pai para o campo agrícola onde costuma trabalhar, razão pela qual a mãe o terá procurado perto de casa antes de alertar as autoridades. De acordo com o mesmo jornal, os pais terão o hábito de deixar a porta destrancada, o que poderá ter facilitado a saída da criança.

A irmã de Noah, mais velha, terá também sido ouvida pelos agentes. O seu depoimento terá coincidido com o dos seus pais. O pai foi novamente ouvido pela PJ, que está concentrada em analisar as pistas que vão chegando, refere a SIC. Segundo o canal de televisão, os investigadores têm estado a receber várias denúncias anónimas, por telefone e carta.

A PJ estará inclinada para a tese de “desaparecimento acidental”, noticiou o Expresso. De acordo com o jornal, apesar ser ainda cedo para tirar conclusões definitivas, os inspetores acreditam não existir indícios de que a criança tenha sido vítima de ação criminosa. Fonte ouvida pelo Expresso lembrou que não seria a primeira vez que Noah sairia de casa atrás do pai, que costuma sair cedo de casa.

Ainda segundo a mesma fonte, os depoimentos de familiares e vizinhos terão revelado que a família é “estruturada”, “trabalhadora” e “sem referências negativas”.

Notícia atualizada às 00h43