Enviada especial do Observador em Budapeste, Hungria
A derrota contra a Alemanha, este sábado, não foi apenas uma derrota. Portugal não jogou bem, não conseguiu implementar uma estratégia, não soube ter bola e construir com ela e acabou por cair perante a notória superioridade dos alemães. Mais do que isso, acabou por complicar o apuramento para os oitavos de final, precisando agora de vencer França para não dar uso à calculadora. No meio disso tudo, e entre as críticas quase generalizadas à utilização de Danilo e William, à exibição de Nélson Semedo ou à fadiga de Bruno Fernandes e Bernardo Silva, Fernando Santos assumiu a responsabilidade.
Assumiu a responsabilidade logo depois do jogo, na conferência de imprensa ainda no Allianz Arena, e voltou a fazê-lo este domingo, já em Budapeste. Na sequência do primeiro treino da Seleção Nacional depois da derrota contra a Alemanha, o selecionador nacional teve uma conversa informal com os jornalistas portugueses que estão na Hungria no complexo desportivo do Vasas SC e explicou qual é, nesta altura, o estado de espírito da equipa.
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“A seguir ao jogo, o mar ainda estava muito encapelado e a barca ia com muita azia, o que é perfeitamente normal. A viagem de avião foi o que foi. Chegámos, foi cada um comer e foram para os quartos. É um momento muito individual, de abatimento. A uns pesa muito mais mas todos, sem exceção, estavam abatidos. Hoje de manhã, acordaram — nem tivemos pequeno-almoço, deixei-os ficar mais livres — e parecia que estavam a acordar de um pesadelo, de um sonho que se tornou um pesadelo. A partir daí, depois do almoço, de estarem todos juntos, de conversarmos normalmente, também nos vamos apoiando e começamos a puxar por um ou por outro. E agora quando chegámos aqui [ao estádio do Vasas SC] a equipa já estava outra vez alegre para treinar. Aqueles que não jogaram acabam por ser os que estão mais chateados, não mais chateados do que os outros mas como não jogaram achavam que podiam ter jogado e tal… Mas esta equipa tem muita gente que já passou por isto algumas vezes. Felizmente, uns passaram menos do que outros. Mas já passaram por isto, já perderam finais, já perderam campeonatos, jogam em grandes ligas. E a própria equipa já passou por isto. Hoje à noite já vai ser diferente e amanhã também”, disse Fernando Santos, que acabou por reconhecer que é muito provável que faça alterações ao onze inicial no jogo contra França, na próxima quarta-feira.
“Sim, podemos refrescar, vamos ver os treinos. Depois de dois jogos muito intensos, basta olhar para o número de quilómetros que os jogadores correram — eu não ligo muito a isso mas os meus homens sabem essas coisas todas –, é normal que possa acontecer, ter de refrescar a equipa aqui ou acolá. Mas é importante dizer que não tem nada a ver com castigos. Por castigo não faço. Mas se for uma opção tática ou técnica, ou nesse caso da fadiga, se entender que é necessário refrescar, então sim”, acrescentou.
O selecionador nacional sublinhou a ainda a certeza de que continua a ter “a convicção” de que Portugal pode ser novamente campeão europeu. “A minha convicção é obviamente que Portugal pode ir à final e pode vencer. É a minha convicção e o meu desejo. Mas para isso temos de ser fortes e temos de passar os adversários. Mais importante, agora, é garantir o apuramento. Depois disso é jogo a jogo e tudo pode acontecer”, atirou, deixando depois a garantia de que a Seleção continua a ter o mesmo “compromisso” que tinha há cinco anos, no Euro 2016.
“Temos o mesmo compromisso. Há cinco anos, quando os adeptos estavam um pouco desiludidos e manifestavam-se, com todo o direito, em relação aos resultados e aos empates e aos jogos e a essas coisas todas, como em outras ocasiões, sempre disse que connosco podem contar sempre. Vamos fazer tudo para lhes dar alegrias. Temos dado muitas, felizmente já demos muitas alegrias a Portugal. Mas não gostamos nada de dar tristezas. A seguir a uma tristeza queremos dar novamente uma alegria”, disse Fernando Santos.
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— Portugal (@selecaoportugal) June 20, 2021
Além disso, o selecionador nacional defendeu ainda que se a final do Europeu for um Portugal-Alemanha, novamente, “Portugal ganha”. “Portugal está entre as dez melhores seleções do mundo e digo-o com toda a confiança. Não podemos é pensar que a jogar em casa da Alemanha somos favoritos. A Alemanha foi melhor do que nós mas acredito que se houver uma final Portugal-Alemanha, Portugal ganha”, sublinhou.
De recordar que a Seleção Nacional treinou este domingo, ao final da tarde, novamente em Budapeste. Os jogadores que foram titulares contra a Alemanha fizeram apenas trabalho de recuperação em bicicletas colocadas junto ao relvado do Vasas SC enquanto que os suplentes realizaram um treino normal. Rui Silva e Anthony Lopes, os dois guarda-redes suplentes, fizeram trabalho específico e João Félix e Nuno Mendes, que falharam a partida deste sábado devido a mialgias musculares, voltaram aos treinos mas fizeram apenas corrida.