A comissária europeia para a Coesão e Reformas, Elisa Ferreira, defende que Portugal deve concentrar-se em “deixar de ser um país da coesão” e que “é penoso” ver que o país, apesar de vários anos de apoios comunitários, “ainda está entre os países atrasados”.

Em entrevista ao Jornal de Negócios e à Antena 1, Elisa Ferreira foi questionada sobre se o país deveria avançar no sentido de promover a autonomização da Península de Setúbal para reforçar os fundos de coesão de futuros quadros comunitários. Na resposta, afirmou: “O que eu acho é que Portugal tinha que se concentrar num assunto: Deixar de ser um país da coesão. Porque neste momento é penoso ver que Portugal, com estes anos todos de apoio, ainda está entre os países atrasados”.

A comissária europeia acrescenta que o país deve preparar-se para “não pedir mais dinheiro”. “Já temos o Norte, Centro e Lisboa classificadas como regiões tecnologicamente avançadas em investigação e inovação e, no entanto, em termos de PIB estamos muito em baixo”, adianta. A “grande preocupação” de Portugal deve, por isso, passar por “ultrapassar o que falta de infraestruturação e depois pensar em entrar nos níveis altos de competitividade”. “Se chegarmos ao fim deste quadro e já não recebermos fundo de coesão, é uma boa notícia”, considera.

Na mesma entrevista, Elisa Ferreira defendeu que, apesar do foco dados pelos vários países aos respetivos Planos de Recuperação e Resiliência (PRR), é preciso ter em atenção o orçamento de longo prazo da União Europeia. “Falamos muito da ‘bazuca’ do PRR, que tem 13,9 mil milhões de euros de subvenções, mas o novo quadro plurianual 21-27 tem 24 mil milhões, quase o dobro. Não se pode descurar a discussão, a preparação, etc., que é urgente, desse quadro de financiamento só concentrando as nossas atenções no PRR. Portugal, assim como outros países, concentrou-se no PRR, mas parece-me importante não desvalorizar e articular os dois.”

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