A crise global de falta de semicondutores para a indústria automóvel vai voltar a afetar, esta semana a produção de veículos nas principais fábricas espanholas, onde está previsto reduzir turnos ou interromper algumas linhas de montagem.

A Seat desprogramou três dias de produção do Audi 1 na fábrica de Martorell em Barcelona, quinta e sexta-feira passadas, estando o mesmo previsto para segunda-feira, em resultado da falta de microchips. Segundo fontes da empresa, citadas pela agência de notícias espanhola Efe, ajustes adicionais não podem ser descartados em Martorell, que vai fabricar a meio gás na quarta e na quinta-feira, feriados no calendário de trabalhos.

A Volkswagen Navarra vai parar a produção na segunda e na terça-feira, também devido à falta de semicondutores, aos quais soma o encerramento programado da fábrica no próximo dia 25, estando em causa 5.000 carros incompletos (3.000 do modelo T-Cross e 2.000 do Polo), prevendo para terça-feira a saída de 1.500 unidades do Polo.

Em Portugal, a fábrica de automóveis da Autoeuropa, em Palmela, iniciou na sexta-feira mais uma paragem de produção, que termina em 28 de junho, devido à falta de semicondutores. Segundo revelou na semana passada a fábrica do grupo alemão Volkswagen, “desde o início de 2021 foram já cancelados 57 turnos de trabalho devido à falta de semicondutores e ao encerramento das escolas em janeiro, o que corresponde a cerca de 17.340 carros perdidos”.

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Entre segunda e sexta-feira próximas, a fábrica da Mercedes-Benz em Vitória interrompe três turnos de produção, mas dada a “grande incerteza” espera até quinta-feira para confirmar se na segunda-feira da semana seguinte, dia 28, consegue voltar à normalidade, não sendo esta a primeira vez que a falta abastecimento afeta a sua atividade, como em 25 de maio com a falta de cabos.

Enquanto isso, a fábrica valenciana da Ford em Almussafes voltou a produzir na última quarta-feira, após sete dias de paralisação no fabrico de veículos e nove dias na de motores por conta do processo de Regulação de Emprego Temporário (ERTE) que accionou devido à falta de semicondutores.

O Grupo Stellantis (Citroën, Peugeot, Opel, DS, Fiat, Alfa Romeo, Jeep) suspendeu a produção na fábrica de Vigo no início deste mês, e em Saragoça estão programados 50 dias de paragem (até 31 de dezembro) no âmbito da ERTE.

A Renault iniciou uma ERTE em 16 de abril, e até 30 de setembro próximo, nas instalações de Valladolid e Palencia, também devido à escassez de semicondutores.

A sul-coreana Hyundai anunciou, na última segunda-feira, a suspensão, por três semanas alternadas, das operações da fábrica no Alabama, Estados Unidos, devido à mesma escassez, inatividade que diz aproveitar para trabalhos de manutenção. A Hyundai, com dez fábricas fora da Coreia do Sul – quatro na China, uma nos Estados Unidos, República Checa, Turquia, Rússia, Índia e Brasil – e sete na península coreana, parou algumas destas fábricas devido ao mesmo problema.

As empresas alemãs Volkswagen e Daimler anunciaram, quarta-feira, a aplicação de um ERTE devido à escassez de chips, que afeta, no caso da Volkswagen, o fabrico dos modelos Tiguan, Touran e Tarrraco na fábrica alemã de Wolfsburg, e no do Golf, também em ERTE, dois turnos de produção. A Daimler anunciou recorrer ao ERTE nas fábricas da Mercedes-Benz em Rasttat (Baden-Württemberg) e Bremen.

A multinacional Bosch anunciou a inauguração em julho de uma fábrica de semicondutores para a indústria automobilística e a Internet das Coisas em Dresden, no leste da Alemanha.

A França e a Alemanha, em maio, divulgaram a intenção de realizar um projeto europeu para aumentar as capacidades tecnológicas dos industriais de semicondutores, considerados “o novo petróleo do século XXI” e um “elemento decisivo de soberania”.

Desde 2020, ERTE e paralisações na produção automotiva repetem-se entre as diferentes marcas, depois que a pandemia ter aumentado a procura por semicondutores para a indústria de tecnologia que viu aumentar as vendas de telefones, computadores ou ‘tablets’ para o teletrabalho. Os semicondutores para carros são sofisticados, mas não de última geração, tendo os fabricantes de chips optado, perante a escassez, por focar a produção nos semicondutores mais lucrativos, como dispositivos móveis.