Depois das emoções do Croácia-Espanha em Copenhaga, em que os croatas conseguiram levar o encontro para prolongamento já em período de descontos, dificilmente poderia acontecer mais uma recuperação do género. No França-Suíça, muito menos. Pela diferença de valores, pelos momentos do jogo, pelo próprio contexto. Parecia ser algo impossível. Não foi. E nasceu a partir dessa reviravolta uma história que escolheu aquele que começa a ser apelidado como adepto do Europeu – com tudo o que isso pode trazer de bom consigo, acrescente-se.

Seferovic, a dor de cabeça (literalmente) de uma campeã mundial: a crónica do França-Suíça

A Suíça fez uma primeira parte quase perfeita, não só pela vantagem mas também pela forma como conseguiu anular todos os pontos fortes da França. Depois, no início do segundo tempo, tudo mudou por completo em cinco minutos: Ricardo Rodríguez permitiu que Hugo Lloris defendesse um penálti que daria o 2-0 (55′), Benzema fez o empate na sequência de uma receção de bola do outro mundo (57′), o mesmo Benzema bisou para a reviravolta com mais uma assistência de Griezmann (59′). No plano anímico, os helvéticos estavam de rastos. E pior ficaram quando Pogba fez o golo do dia com um remate ao ângulo sem hipóteses para o 3-1 (75′).

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A história do encontro parecia escrita, restando apenas saber os números finais de um encontro que a Suíça tivera na mão mas não soube aproveitar. Mas não, houve futebol. A magia do futebol. E aquele autêntico carrossel de emoções que fez com que milhares de adeptos como Luca Loutenbach se deslocassem a Bucareste.

Já depois do 3-2 marcado outra vez pelo benfiquista Seferovic (81′), Gravanovic, avançado que entrara já com a Suíça em desvantagem, marcou mas o golo foi anulado. E, em cima do minuto 90, os helvéticos falharam mais uma oportunidade para o empate, o que deixou Luca à beira de um ataque de nervos, em lágrimas agarrado à camisola. 90 segundos depois, o mesmo Gravanovic aproveitou uma autoestrada no corredor central para arriscar a sorte e fazer mesmo o 3-3. A realização do jogo voltou então a Luca e a depressão tinha dado lugar a uma euforia tal que o colocava a gritar já vermelho na zona da garganta e sem camisola como se fosse o Hulk.

A Suíça viria mesmo a eliminar os campeões mundiais nas grandes penalidades e Luca Loutenbach tornou-se de tal forma reconhecido que teve alguns meios de comunicação social suíços à sua espera no aeroporto, quando já estava recomposto de todas as emoções. “Não sei o que me aconteceu, enlouqueci. Acho que todos aqueles que me conhecem enviaram mensagens quando me viram… Faço o possível para não falhar nenhum jogo da seleção mas logisticamente era quase impossível viajar de Baku a Roma e voltar”, comentou ao Blick, explicando os problemas que encontrou numa fase de grupos onde a Suíça foi a equipa que mais quilómetros teve de fazer em viagens de avião e mostrando esperança em ir aos quartos… que já se tornou uma realidade.

Aproveitando toda a atenção que passou a ter, Luca enviou uma mensagem no Twitter à Swiss Air a perguntar quantos retweets precisaria para poder ir a São Petersburgo assistir ao jogo da Suíça com a Espanha a contar para os quartos de final. “Caro Luca, envia-nos uma mensagem direta e vamos tornar o teu sonho realidade”, respondeu a companhia. E até o Turismo da Suíça se juntou à onda de apoio: “Caro Luca, se depois precisares de umas férias, então vais precisar da Suíça. Entra em contacto connosco e teremos o maior prazer em oferecer-te um fim de semana de descanso e bem estar na Suíça depois do título”. E Luca não vai recusar.