A notícia chegou pela voz de Klaus Zellmer, o antigo CEO da Porsche North America que, desde Setembro passado, é o responsável de Vendas, Marketing e Pós-Venda da Volkswagen. Em entrevista à publicação alemã Merkur, Zellmer abriu o jogo quanto ao futuro dos motores de combustão na estratégia do construtor de Wolfsburg e, segundo ele, 2035 será a data limite para acabar com as vendas de novos modelos a gasolina, gasóleo e híbridos. Mas só na Europa, os outros mercados ainda vão ter de esperar mais um pouco até que a Volkswagen decida despedir-se de vez dos combustíveis fósseis.

“Definimos metas muito claras. Toda a nossa oferta será neutra em termos de CO2 até 2050, o mais tardar. Na Europa, vamos sair do negócio dos veículos com motor de combustão interna entre 2033 e 2035. Nos Estados Unidos da América e na China, isso acontecerá um pouco mais tarde. Na América do Sul e em África, por falta de condições de enquadramento político e de infra-estrutura, vai demorar um pouco mais”, declarou o director de Vendas da Volkswagen, em resposta à questão sobre quando é que a marca que representa tenciona abandonar os motores térmicos, já que a Audi, que integra o mesmo grupo, avançou 2033 como o ano em cessará a produção de veículos equipados com este tipo de motorização, incluindo híbridos plug-in.

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Esta saída faseada da tecnologia da combustão em prol dos veículos puramente eléctricos, em que a marca alemã está a investir fortemente, é justificada por Zellmer como uma necessidade da Volkswagen, um dos maiores construtores mundiais, se adaptar às diferentes realidades em que se inscrevem os clientes da marca. Daí que embora o fabricante alemão estime que, em 2030, 70% das suas vendas serão representadas por veículos eléctricos, Zellmer tenha admitido que a Volkswagen “vai precisar dos motores a combustão por mais uns anos”. E, como vai precisar, assume com desassombro que continua a investir nos motores a combustão, diesel incluído. “Tendo em conta a introdução da nova norma Euro 7, o diesel representa um desafio acrescido. Mas é uma alternativa que continua a ter bastante procura para determinados perfis de utilização, nomeadamente clientes que percorrem anualmente muitos quilómetros”, declarou o responsável de Vendas.

Klaus Zellmer reserva-se a uma “certa margem de manobra”

O mesmo sublinha que este programa de transição energética não é mais do que uma estratégia da Volkswagen para continuar a ir ao encontro das necessidades dos seus clientes. “Haverá mercados, como a Noruega, em que só será possível comercializar veículos eléctricos” (a partir de 2025), aponta Zellmer, e “haverá países em que os automóveis exclusivamente a bateria farão pouco sentido, do ponto de vista ambiental, tendo em conta que são alimentados por electricidade gerada a partir do carvão”. É o caso da Alemanha, por exemplo, que opta pela forma mais barata de produzir electricidade, em centrais a carvão, apesar desta fonte de energia ser também a mais poluente.

Apoiando-se, sobretudo, nas variações das directrizes políticas que regulam os diferentes mercados, Kellmer “chuta para a frente” o fim dos combustíveis fósseis na Volkswagen. “Temos que nos permitir uma certa margem de manobra com os motores de combustão e os veículos eléctricos a bateria. No fim das contas, a liberdade de escolha está sempre com o cliente”, advoga.

Marcas como a Volvo, a Ford (na Europa) ou a Mini, que supostamente também prezarão a referida liberdade de escolha, anunciaram que iriam acabar com os motores de combustão em 2030, cinco anos antes da Volkswagen. No caso da Jaguar, uma década antes.