Portugal pode vir a ter uma colónia de flamingos no Algarve, após mais de 550 crias terem nascido (em 800 ninhos) numa das salinas da Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António. Caso a situação se repita daqui a um ano, cerca de 3000 aves poderão assentar nestas regiões.
Em comunicado, o Instituto de Conservação da Natureza e Floresta (INCF) indica esta segunda-feira que a adaptação da espécie a esta região poderia diversificar os “locais de nidificação e a manutenção da população da espécie na área geográfica do Mediterrâneo”. No inverno, os flamingos costumam deslocar-se para as zonas húmidas litorais do estuário do Tejo ao Algarve, mas migram no verão — algo que não aconteceu no Algarve em 2021, tendo estas aves permanecido na região.
Durante este ano, também na Reserva Natural do Estuário do Sado e na Reserva Natural do Estuário do Tejo foram identificados meia centena de ninhos, mas, nestes locais, não se verificou a nidificação, sendo que os flamingos decidiram abandoná-los.
Nos últimos anos, a população de flamingos tem vindo a aumentar no país, mesmo em zonas húmidas onde antes era pouco observada, assinala a INCF, que refere que a construção de ninhos “era já conhecida desde finais dos anos 90”, mas este ano foi a primeira que se viram crias.
A diminuição da atividade humana devida às restrições impostas pela pandemia de Covid-19, aliada ao aumento das áreas de alimentação e repouso da espécie em Portugal – constatada por vigilantes da natureza e técnicos do Centro de Estudos de Migrações e Proteção de Aves do ICNF –, podem ter contribuído para facilitar a sua reprodução.
“Para além das razões identificadas, é do conhecimento da comunidade científica que os locais onde os flamingos se reproduzem estão a sentir os efeitos da seca, desde há vários anos”, a que se somam outros riscos, como os incêndios florestais, ou a contaminação de aquíferos, refere o INCF.
Sem as condições ecológicas reunidas, “os flamingos não têm espaço para se reproduzirem pelo que procuram outros locais que lhes permitam alimentar-se, nidificar e reproduzir-se, como sucede em Portugal, onde existem áreas ricas em alimento”.
Duas colónias de flamingos estão a nidificar pela primeira vez em Portugal