O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) alertou esta quinta-feira para a exaustão em que se encontram os profissionais que estão a assegurar a vacinação contra a Covid-19, o que poderá colocar em causa o ritmo do processo.
“Caso esta situação se mantenha, os enfermeiros não poderão manter o nível de vacinação até aqui conseguido e responsabilizam o Governo pelas consequências que daí decorram”, adiantou o sindicato, que exigiu a contratação de mais profissionais para responder ao acréscimo de trabalho.
Segundo o SEP, o aumento do ritmo da vacinação contra a Covid-19 “veio exigir ainda mais dos enfermeiros” que estão a trabalhar “12 a 14 horas diárias”, sem que houvesse a “necessária e urgente contratação”, o que tem levado também a um agravamento da situação da atividade assistencial dos cuidados de saúde primários.
“Esta semana foram informados, com antecedência de um dia, que o horário iria ser alargado das 08:00 até às 22:00 horas e que iriam passar a trabalhar também ao domingo”, avançou o sindicato, que considerou “este acréscimo de trabalho, sem reforço das equipas, como um desrespeito pelo empenho” que os enfermeiros têm demonstrado durante a pandemia.
O SEP alertou ainda que tem sido “clara a desorganização” no agendamento da vacinação, que está a provocar a “sobrelotação, filas de espera, impaciência e atritos nos utentes, tendo sido necessário solicitar a intervenção das forças de segurança para proteger os profissionais”.
Na quarta-feira, o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, revelou que há mais de 4.700 profissionais de saúde alocados à vacinação contra a Covid-19, mais de 2.600 dos quais enfermeiros.
A propósito da necessidade de reforço de recursos humanos no Serviço Nacional de Saúde, Lacerda Sales disse ainda que, em maio deste ano, estavam contabilizados 147.645 efetivos, “mais 7.910 do que a 31 de maio de 2020”.
A task force que coordena a logística deste processo adiantou esta quinta-feria que mais de 600 mil pessoas foram vacinadas contra a Covid-19 desde segunda-feira e que voltou a receber relatos de “comportamentos menos corretos” de utentes nos centros de vacinação.
Continuam a chegar ao conhecimento da task force “relatos de comportamentos menos corretos de alguns utentes para com os muitos profissionais que se encontram nos diversos Centro de Vacinação Covid”, adiantou a estrutura liderada por Gouveia e Melo, que reiterou o apelo ao respeito e consideração por esses profissionais.
No final de junho, uma orientação da Direção-Geral da Saúde determinava que os centros de vacinação contra a Covid-19 passariam a ter a presença de uma força de segurança, prevendo ainda voluntários no apoio às pessoas a vacinar.
“Deve garantir-se uma Força de Segurança para zelar pela segurança do local e evitar aglomerados populacionais e garantir o distanciamento físico durante o horário de funcionamento, em articulação com outros profissionais e voluntários, quando aplicável”, referia atualização da orientação sobre o funcionamento dos Centros de Vacinação Covid-19 (CVC).