O Presidente cubano, Miguel Diaz-Canel, afirmou esta sexta-feira que os Estados Unidos “fracassaram nos seus esforços para destruir Cuba”, um dia após declarações do seu homólogo norte-americano, Joe Biden, classificando Cuba como um “Estado falhado que oprime os seus cidadãos”.

“Os Estados Unidos fracassaram nos seus esforços para destruir Cuba, apesar de terem gasto milhares de milhões de dólares para esse fim”, escreveu o dirigente comunista na rede social Twitter, cinco dias após manifestações históricas no país contra o Governo, que se saldaram num morto, dezenas de feridos, mais de uma centena de detidos e um número indeterminado de desaparecidos.

“Um Estado falhado é um Estado que, para agradar a uma minoria reacionária e que o chantageia, é capaz de multiplicar os danos a 11 milhões de seres humanos, ignorando a vontade da maioria dos cubanos, dos norte-americanos e da comunidade internacional”, prosseguiu Diaz-Canel, referindo-se ao embargo dos EUA a Cuba, em vigor desde 1962 e reforçado durante o mandato de Donald Trump (2017-2021).

Joe Biden tinha afirmado na quinta-feira estar a considerar “várias coisas (…) para ajudar o povo de Cuba”, um “Estado falhado que oprime os seus cidadãos”.

Anunciou, por exemplo, estar disposto a enviar para o país “uma quantidade significativa” de vacinas anti-Covid se tiver “a certeza de que uma organização internacional administrará essas vacinas e o fará de maneira a que os cidadãos tenham acesso a elas”, já que Cuba não aderiu ao programa Covax, da ONU.

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Biden admite enviar para Cuba “quantidades significativas” de vacinas contra Covid-19

Os Estados Unidos estão também a verificar se dispõem das “capacidades tecnológicas” necessárias para “a reposição” da internet móvel, cortada pelo Governo da ilha comunista, após os protestos de domingo, acrescentou Biden.

“Se o Presidente Joseph Biden tivesse uma preocupação humanitária sincera com o povo cubano, ele poderia suprimir as 243 medidas aplicadas pelo Presidente Donald Trump – incluindo mais de 50 cruelmente impostas durante a pandemia – como um primeiro passo para o fim do embargo”, reagiu hoje o Presidente cubano.

A má gestão da pandemia no país, aliada a uma grave crise económica – que agravou a escassez de alimentos e medicamentos e levou o Governo a cortar a eletricidade durante várias horas por dia – impulsionou no domingo passado manifestações espontâneas de milhares de cubanos, que saíram à rua em Havana e em várias outras cidades para protestar contra o Governo do Presidente Miguel Diaz-Canel, desembocando em confrontos com as forças de segurança que tentaram reprimi-los.

“Temos fome”, “Liberdade” e “Abaixo a ditadura” foram algumas das palavras de ordem repetidas nesta mobilização sem precedentes em Cuba, país onde as únicas concentrações autorizadas são geralmente as do Partido Comunista Cubano (PCC, partido único) e onde as últimas manifestações deste tipo aconteceram há quase 30 anos, em 1994, em Havana.

Após os protestos, o Governo cortou a internet, reforçou o controlo policial e acusou os Estados Unidos de financiarem a revolta social no país.