Para Marcelo Rebelo de Sousa, a evolução da pandemia da Covid-19 em Portugal nas últimas duas ou três semanas não é especialmente preocupante.

No Funchal, no âmbito de uma visita de celebração dos 45 anos do parlamento regional, o Presidente da República lembrou: “Há 15 dias ou três semanas houve quem dissesse que daí a 15 dias haveria um crescimento acentuado de casos — uma multiplicação — e da pressão hospitalar e de mortes. Felizmente isso não aconteceu”.

Ladeado pelo Presidente do Governo da Região Autónoma da Madeira, Miguel Albuquerque, o chefe de Estado lembrou que em Portugal “o número de mortos está estável”, o número de casos “tem andado estável” e “a pressão sobre o Serviço Nacional de Saúde mesmo quando tem crescido não tem sido de forma muito significativa”.

Há exatamente três semanas, na segunda-feira de 28 de junho, o boletim da DGS reportava 902 casos detetados nas 24 horas anteriores — o que significa que no período de três semanas, face a esta segunda-feira, o número de casos duplicou (1.855).

Nesse dia, o mesmo boletim reportava 2 mortes — o de esta segunda-feira, 8 — e Portugal tinha 502 pessoas hospitalizadas, 113 das quais nos cuidados intensivos. Agora estão 851 pessoas internadas em hospitais (mais 349), 181 das quais nos cuidados intensivos (mais 68).

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“Preocupa-me a obstinação por parte da Groundforce. Estão a prejudicar o país”

Questionado sobre o braço de ferro entre a administração da empresa de handling Groundforce e os seus  trabalhadores — que resultou numa greve que já motivou o cancelamento de 650 voos em dois dias — e sobre a situação da empresa de Alfredo Casimiro (que está há meses em guerra aberta com o ministro da tutela, Pedro Nuno Santos), Marcelo Rebelo de Sousa assumiu estar preocupado.

O Presidente da República deixou ainda uma crítica a “alguns dos responsáveis da Groundforce”, sem nomear Alfredo Casimiro ou qualquer outro.

Naturalmente que me preocupa a posição ou a obstinação que tem havido da parte da Groundforce em geral e em particular de alguns dos responsáveis da Groundforce porque estão a prejudicar o país”, criticou.

Marcelo afirmou ainda ter “a certeza de que o Governo está a fazer tudo o que pode, mas há coisas que leva tempo a pôr de pé. Vamos esperar mais uns dias”.

O Presidente da República não quis deixar de introduzir nas declarações um tom mais otimista e falou da situação na Madeira. “Felizmente tive aqui a notícia na Madeira que o aeroporto está no topo dos aeroportos portugueses” em número de voos, apontou, dando conta de um “regresso em força do turismo britânico” e “proximamente, dentro de uma semana a semana e meia, do turismo alemão”. Tudo isto são “grandes notícias para a Madeira e para Portugal”.

Em resposta, em declarações à rádio Operador, Alfredo Casimiro, dono da Groundforce, desvaloriza as palavras de Marcelo Rebelo de Sousa, considerando que não se dirigem a si nem a qualquer membro da empresa.

Alberto João Jardim? “Gosto tanto dele, é uma amizade para a eternidade”

Marcelo Rebelo de Sousa foi também desafiado a reagir à ausência de Alberto João Jardim, que, alegando “indisponibilidade”, não recebeu o Prémio Emanuel Rodrigues das mãos de Marcelo Rebelo de Sousa — o que levou ao adiamento da sessão de condecoração: “Está de férias. Já me aconteceu a mim ser condecorado pelo Presidente da República da altura e estava de férias, não pude estar presente. Acontece, há compromissos, há compromissos”.

Inquirido também sobre declarações críticas recentes do antigo Presidente do Governo da Região Autónoma da Madeira — que há um mês, por exemplo, dizia em entrevista ao Observador que “Marcelo dá o ar de que gosta de estar no colo do Costa” —, Marcelo Rebelo de Sousa apontou: “Nunca me ofendo com o dr. Alberto João Jardim. Já nos conhecemos há tanto tempo, gosto tanto dele e tenho a certeza que gosta tanto de mim, é uma amizade para a eternidade”

Alberto João Jardim: “Marcelo dá o ar de que gosta de estar no colo do Costa”

Notícia atualizada às 16h41 com declarações de Alfredo Casimiro