O primeiro-ministro anda num périplo intenso de propagação do investimento, seja público, privado, através de fundos europeus, seja português ou estrangeiro e pede um recorde em 2021 na captação de investidores para o país. Quem ouviu António Costa esta manhã, na assinatura de quatro contratos fiscais de investimento no valor de 141 milhões de euros, dificilmente se imaginaria num cenário pandémico e de grave crise económica. Aliás, o chefe do Governo até já apontou data para o fim de tudo: depois do verão.
Quando falava nas previsões de crescimento na ordem dos 9% entre este ano e próximo, o primeiro-ministro apontou que “neste momento de aceleração do processo de vacinação, o país pode olhar para o final deste verão e encarar como podendo atingir o momento importantíssimo para a confiança e para a libertação total da sociedade que é a imunidade de grupo”. Na cabeça de Costa já existe um calendário para o fim das restrições provocadas pela pandemia que têm acanhado a economia desde março de 2020 com as constantes limitações à atividade.
Um dos setores mais afetados foi o turismo, mas Costa aparece confiante na recuperação e pede — tal como o ministro dos Negócios Estrangeiros já tinha feito antes dele — que este ano seja de superação em matéria de investimento estrangeiro captado pela Agência Portuguesa de Investimento (AICEP). “Estamos em julho, ainda há muito trabalho para fazer e há ainda a oportunidade de batermos o recorde de 2019. Algo nos indica que isso ainda é possível. O primeiro trimestre deste ano foi o melhor de sempre de investimento empresarial em Portugal, cerca de 6,8 mil milhões de euros”, contabilizou o primeiro-ministro.
E a este trabalho, cujos louros entrega à AICEP, Costa somou ainda “a nova ferramenta para apoiar o investimento que é o Banco de Fomento e que já entrou em pleno funcionamento”, afirmou. Passou ao lado da polémica que envolve a instituição depois da nomeação de Vítor Fernandes como chairman que foi entretanto suspendida pelo próprio Governo, depois de o Ministério Público vindo dar conta da “relação privilegiada” que o nomeado tinha com o devedor do Novo Banco Luís Filipe Vieira e que, nesse quadro, teria transmitido informação sensível que beneficiou o empresário.
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E se na segunda-feira o foco total do discurso do investimento era nos Plano de Recuperação e Resiliência, que Costa tem vendido pelo país como “vitamina” ou “trampolim” para o pós-crise Covid-19, esta terça o aviso é que “convém não esquecer que a par deste fundos há capacidade do Esatdo de apoiar investimento e sobretudo o enorme esforço de investimento provado que não deve ser desvalorizado”. Até porque se no dia anterior tinha tido pela frente autarcas, neste dia na plateia estavam CEO’s, diretores, administradores das empresas João de Deus, Vila Galé, Tryba e Siemens Gamesa, que assinaram os tais contratos de investimento que levaram Costa a esta cerimónia.
Tem sido perante estas plateias que nos últimos dias tem pregado a mesma palavra e o “sinal claro de confiança no futuro da economia e neste ciclo de ouro de investimento privado em Portugal, seja com capital nacional, seja estrangeiro, seja os que já cá estão seja os novos”. Foi a esses mesmos que garantiu que “esta crise tem razões não estruturais mas iminentemente conjunturais” e que “ainda assim, em 2020, a AICEP celebrou 35 contratos novos”. Aqui, o sinal de confiança guarda-o para si mesmo: “A economia portuguesa levou muito anos a ajustar-se ao triplo choque no início do século e só em 2017 conseguiu estar na média europeia” e nos dois anos seguintes, apontou. Os da sua própria gestão.