Roberto Roncon, coordenador de Medicina Intensiva do Hospital de São João, no Porto, revela ao jornal i que, uma grande maioria dos doentes com complicações associadas à Covid são jovens. “Neste momento, 70% a 80% dos nossos doentes são jovens, pessoas na casa dos 20, 30, 40 anos, que não tiveram ainda a oportunidade de ser vacinadas”, afirma o médico.

“Há sempre algo que nos choca muito, que é vermos um doente que tem uma doença potencialmente evitável na sua forma mais grave por não ter tido acesso a uma medicação, neste caso uma vacina”, acrescenta Roberto Roncon.

O recente aumento de doentes está a preocupar este responsável, porque os casos são mais graves do que nas anteriores vagas. E em breve o hospital pode ter de retirar camas aos doentes que não têm Covid. “O que não queríamos era ter de alocar camas de doentes não covid a doentes covid. Neste momento não chegámos a esse ponto, mas se o ritmo de crescimento continuar penso que será inevitável”. Ainda assim, Roberto Roncon sublinha que a proporção de doentes graves entre os infetados é muito menor do que na terceira vaga.

O médico critica ainda o manifesto que pede um alívio de restrições nesta fase. “Que eu saiba, todos os que redigiram e assinaram esse manifesto já estão vacinados, mas há muita gente que não está. Neste momento ainda existem segmentos de população significativos que estão a um ou dois meses de completar a sua vacinação”, afirma.

Roberto Roncon lembra ao jornal i o caso de um doente de 48 anos, que não tinha complicações de saúde e que acabou por morrer com Covid-19 na semana passada. Foi parar ao hospital pouco antes do dia para o qual tinha marcada a vacina.

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