O número de mortes nas inundações registadas na semana passada na Alemanha subiu para 169, informaram esta segunda-feira as equipas de salvamento locais, elevando para 200 o balanço global de vítimas mortais na intempérie que fustigou a Europa Central.
Só no estado alemão da Renânia-Palatinado (sudoeste da Alemanha), um dos mais afetados pelas chuvas torrenciais e pelas consequentes inundações e enxurradas, foram confirmados, até à data, 121 mortos, segundo indicou o porta-voz das equipas de salvamento, Aaron Klein. O anterior balanço neste estado federado alemão dava conta de 117 óbitos.
Depois de ter visitado no domingo a zona da Renânia-Palatinado, a chanceler alemã, Angela Merkel, deslocou-se esta segunda-feira à região vizinha da Renânia do Norte-Vestfália, onde defendeu o sistema de alerta de emergência nacional que foi confrontado com inundações de dimensões “que estão além da imaginação”.
“São inundações que estão além da imaginação, quando vemos os seus efeitos no terreno”, afirmou a chanceler, ao constatar os danos na pequena localidade medieval de Bad Münstereifel, na Renânia do Norte-Vestfália, outro estado alemão que foi afetado pelas condições meteorológicas adversas.
“Existiram alertas”, garantiu Merkel, numa altura em que o funcionamento do sistema de alerta de emergência nacional está a ser posto em causa, em particular a sua eficácia no aviso das populações sobre a gravidade das cheias na zona oeste do país. O serviço de meteorologia alemão e o Gabinete Federal para a população e para a prevenção de catástrofes emitiram alertas.
Segundo explicou a chanceler, os alertas foram transmitidos aos distritos.
Estes últimos, prosseguiu a líder alemã, “fizeram o que podiam”, mas, acrescentou, “não é fácil ter uma ideia quando, como diz o presidente da câmara (de Bad Münstereifel), ocorre uma inundação como esta, que não acontecia há 700 anos”.
“Temos um sistema de alerta muito bom”, insistiu Merkel, provocando os assobios de alguns habitantes que estavam presentes no centro histórico da localidade, atualmente coberto de lama.
Reparação das infraestruturas na Alemanha, após cheias, vão custar 2 mil milhões de euros
O presidente da proteção civil alemã, Armin Schuster, que está a ser particularmente visado pelas críticas, afirmou, por sua vez, que aquela entidade emitiu cerca de 150 alertas através das redes de telecomunicações e dos meios de comunicação social.
As inundações causaram cortes de eletricidade em várias zonas e provocaram danos nas redes de comunicação, nomeadamente derrubaram antenas de telecomunicações, o que terá impedido as pessoas de receberem os alertas em devido tempo.
Como Armin Schuster, a chanceler alemã defendeu a possibilidade de usar novamente sirenes como uma ferramenta de alerta adicional. “Talvez a boa e velha sirene seja mais útil do que pensávamos”, disse.
No ano passado, um teste realizado a nível nacional sobre o uso de sirenes, sistema herdado do período da Guerra Fria, revelou-se um fracasso. Durante o exercício, muitas sirenes não funcionaram por motivos técnicos e várias localidades decidiram desmontar o sistema.
Na passada primavera, o executivo alemão lançou um programa avaliado em 90 milhões de euros para reabilitar a rede de sirenes, estando programado um novo exercício para 2022.
Outros países da Europa Central também foram atingidos por chuvas intensas e inundações de grandes proporções, como foi o caso da Bélgica que hoje cumpriu um dia de luto nacional e observou um minuto de silêncio em memória das 31 vítimas mortais registadas, até ao momento, no país.
O mau tempo também afetou a França, o Luxemburgo, os Países Baixos, a Suíça, a Itália e a Áustria.