O exército chinês fez explodir uma barragem para libertar as enchentes que ameaçavam uma das províncias mais populosas da China, depois de chuvas torrenciais terem provocado pelo menos 25 mortos e sete desaparecidos.

A operação da barragem, de que não foram avançados pormenores, foi realizada terça-feira à noite (hora local) na cidade de Luoyang, na altura em que as severas inundações atingiram a capital da província de Henan, Zhengzhou, encurralando moradores e passageiros no metropolitano, bem como deixando pessoas isoladas em escolas, apartamentos e escritórios.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, enviou já uma carta ao Presidente da China, Xi Jinping, “para transmitir sinceras condolências pela trágica perda de vidas e devastação”, disse esta quarta-feira o porta-voz adjunto das Nações Unidas, Farhan Haq.

Trata-se das chuvas mais intensas dos últimos 60 anos, segundo as autoridades chinesas, que chamaram efetivos militares para explodir a barragem para evitar danos maior a montante. Desconhece-se o que sucedeu a jusante.

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Zhengzhou, a capital da província de Henan, foi atingida terça-feira por chuvas torrenciais, segundo a agência noticiosa oficial Xinhua, que adiantou que a torrente de lama e de água transformou as ruas em canais, inundando estações de metro e bairros inteiros.

Xi Jinping já considerou a situação “extremamente grave”, mesmo depois de o país ser regularmente vítima no verão de fortes enxurradas, tendo confirmado a morte de 25 pessoas e o desaparecimento de outras sete. Xi Jinping apelou à mobilização de todos face as consequências do mau tempo.

As barragens desabaram, causando feridos graves, mortes e danos materiais. A situação na frente de inundação é extremamente grave”, admitiu.

As autoridades locais indicaram terem sido retirados cerca de 200.000 dos dez milhões de residentes de Zhengzhou, uma cidade 700 quilómetros a sul de Pequim, que recebeu em três dias o equivalente a quase um ano de chuva. Vídeos difundidos nas redes sociais mostram veículos cobertos de lama e pessoas encurraladas em carruagens de metro.

Ao norte de Zhengzhou, o famoso Templo Shaolin, conhecido pelo domínio das artes marciais dos seus monges budistas, foi também atingido. A província de Henan abriga muitos locais de importância para a cultura e é uma importante base para a indústria e a agricultura do país.

A situação mais dramática aconteceu no metropolitano de Zhengzhou, onde os passageiros ficaram encurralados nas carruagens com água pelos ombros, imagens que também circularam nas redes sociais. Várias testemunhas relataram que o pânico tomou conta das pessoas encurraladas. Noutras imagens, observa-se uma autêntica maré a invadir a plataforma deserta de uma estação.

Um homem contou à rede social chinesa Weibo que as equipas de resgate abriram o teto de uma carruagem para permitir a evacuação, um a um, dos passageiros. Centenas de passageiros foram retirados sãos e salvos do metropolitano, garantiram as autoridades municipais. Os prejuízos materiais foram inicialmente estimados em 542 milhões de yuans (71 milhões de euros) em toda a província de Henan, mas admite-se que deverão ser de montante ainda maior.

A China vive habitualmente inundações durante o verão, mas o crescimento das cidades e a conversão de terras agrícolas em subdivisões aumentaram o impacto destes eventos. No ano passado, os níveis das cheias no sudoeste do país bateram recordes, destruindo estradas e obrigando dezenas de milhares de habitantes a abandonarem as suas casas.