Marcelo Rebelo de Sousa discursou no Fórum para a Competitividade e pediu que Portugal esteja atento para não cair para a “cauda da Europa” e ir “muito mais longe” em termos de incentivos ao investimento. Questões doutrinárias à parte, o Presidente da República afirmou que “não se trata de preferir mais ou menos estado, mais ou menos privado ou estatal”, mas sim de “dar sinais mais fortes para que se torne mais produtivo e competitivo o tecido empresarial português e para que se cresça mais”.

Consciente do “peso esmagador das micro, pequenas e médias empresas” em Portugal,  mas também das grandes empresas”, este é um setor que, na visão do chefe de Estado, “merece que se vá  muito mais longe em termos de incentivos no investimento”, até com “mais estímulos ao investimento privado”.

Preocupado com a economia portuguesa, Marcelo deixou um alerta para que o país olhe para cima e não se compare com os mais pequenos: “Antes de cuidarmos de que as economias menos competitivas do que as nossas nos não superem uma a uma, atirando-nos para a posição estranha feita de uma mistura de consolação e de incómodo, (…) de continuar a dizer que nos aproximamos da média europeia, mesmo se caindo para a cauda da listagem dos Estados membros, o que importa é outra visão“, antecipou o Presidente da República.

Para Marcelo, que lembrou o facto de haver uma “dívida global e uma dívida pública muito pesadas”, é tempo de “crescer mais” para que não haja limites “em termos de competitividade, disponibilização de recursos para melhorar estruturas degradas nos sistemas sociais” e para garantir “condições de combate à pobreza, correção de desigualdades e melhor justiça social”.

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O chefe de Estado considerou que em Portugal “os protagonistas políticos, económicos e sociais defensores de um percurso diferente não têm logrado alcançar força persuasiva para que o seu discurso constitua um discurso alternativo e, sobretudo, constitua uma solução alternativa”.

“Não é impunemente que fomos das primeiras monarquias absolutas da Europa e das últimas a deixarem de o ser — se é que em quadros mentais o deixámos de ser, no que respeita à supremacia do Estado sobre a sociedade civil”, observou.

No final do seu discurso, o Presidente da República incentivou o setor privado a “prosseguir o seu empenho ou, se quiser, a sua luta, para ter protagonistas institucionais, políticos e outros, mais fortes, para ter discurso político com mais eco nos momentos de decisão popular e eleitoral”, mesmo que esteja descontente com o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

“Nomeadamente distinguindo o que é seu efetivo papel e o peso do investimento privado daquilo que pode ser um desperdício irreversível, para converter o sentimento aqui hoje expresso em acicate para o que são os anos imediatos: travar a batalha cultural, travar a batalha institucional, travar a batalha correspondente ao seu efetivo peso na criação do Produto Interno Bruto (PIB), com trabalho, competência, visão de longo fôlego, qualificação e responsabilidade social”, completou.

Marcelo Rebelo de Sousa pediu aos privados que atuem “com realismo e com independência, com sentido do bem comum, evitando a perpetuação da inelutável e casuística tendência de os poderes públicos quererem influenciar e determinar o seu sentir”.