O ator e duplo português Alfredo Tavares, que deixou uma carreira de engenharia em França para se lançar em Hollywood, vai gravar o primeiro filme como protagonista em outubro, na longa-metragem “Subwater”.
“É o primeiro papel de ator principal numa grande produção”, disse Alfredo Tavares à Lusa, referindo que vai interpretar o responsável de uma empresa de construções submarinas entre a Escócia e a Dinamarca.
O ator, que tem trabalhado entre Los Angeles e Londres, foi estudar na escola de representação Cours Florent, em Paris, aos 41 anos. Dois anos mais tarde, mudou-se para a New York School Academy e depois de se licenciar entrou de rompante no cinema e televisão, fazendo figuração e trabalho como duplo em múltiplos filmes e séries.
“O filme mais importante que fiz até hoje em Los Angeles foi “Era uma Vez em… Hollywood, de Tarantino, que me foi buscar ao Central Casting”, disse Alfredo Tavares, que foi duplo de Kurt Russell na película. “Tivemos nesse filme o Leonardo DiCaprio, o Brad Pitt, o Kurt Russell, o Al Pacino, e foi espantoso eu estar no meio dessas pessoas ao mesmo tempo. É um sonho”, caracterizou.
Apesar de só ter começado a carreira em 2018, e com um ano de pandemia pelo meio, Alfredo Tavares já tem um currículo extenso, onde figuram títulos como “Le Mans ’66: O Duelo”, “Big Little Lies”, “Bridgerton”, “I May Destroy You”, “The Rookie” ou “9-1-1”, entre outros.
Neste momento, está a filmar “The Crown”, para a Netflix, depois de ter participado na quarta temporada, assumindo agora o papel de guarda-costas do príncipe Carlos.
“Está a diminuir a figuração e a aumentar os papéis com falas”, referiu o ator. “Em dois anos já estou à beira dos atores principais com pequenos diálogos”.
Os próximos projetos em que a audiência verá o seu trabalho são “Jungle Cruise”, com The Rock, “Venom: Let there be carnage”, realizado por Andy Serkis e protagonizado por Tom Hardy, “Missão Impossível 7”, com Tom Cruise, e “The Batman” de Matt Reeves, protagonizado por Robert Pattinson.
“O meu sonho é fazer grandes filmes como ator principal e ser conhecido mundialmente”, afirmou Alfredo Tavares, contando que este era um sonho que tinha em criança e decidiu abraçar depois de uma longa carreira na Siemens.
“Acho que uma pessoa nunca deve abandonar um sonho. Um sonho deve ser realizado agora ou mais tarde, mas nunca se deve abandonar”, disse o ator, que é natural de Aveiro.
Cinturão negro em karaté e kickboxing, Alfredo Tavares contou como o seu amor pelo cinema de ação foi inspirado pelos filmes com Bruce Lee, Chuck Norris e Jean-Claude Van Damme. “O meu sonho era ser ator, mas não tinha dinheiro para pagar uma formação”, lembrou.
“Era um sonho que tinha na infância, mas não realizei logo porque era muito pobre, não tinha dinheiro para comprar pão e andava com as roupas todas rasgadas”, contou.
Mencionando a atriz Daniela Ruah e o ator Joaquim de Almeida como referências portuguesas em Hollywood, Alfredo Tavares disse ambicionar chegar ao patamar maior do cinema.
“Quero representar Portugal. Quero dizer que tenho sangue português”, afirmou. “Tenho tanta vontade de mostrar ao mundo que sou português”, reiterou.
Sublinhando uma enorme motivação, o ator contou que faz desporto todos os dias, só come comida biológica e leva a sua saúde e forma física muito a sério. “Quero chegar aos 60 e estar de boa saúde como se tivesse 30, para conseguir o meu sonho de ser um ator conhecido mundialmente”.
Sobre o sucesso que alcançou em pouco tempo, o ator disse que a sua disponibilidade para fazer todo o tipo de papéis e as boas características telegénicas fazem parte da equação.
“Os produtores dizem-me que a principal coisa que eu tenho é um ‘great look’ [bom visual] para a câmara”, referiu. “A minha cara para a câmara é muito boa”.
Interessado em continuar a trabalhar entre Los Angeles e a Europa, Alfredo Tavares destacou a “qualidade de vida” no sul da Califórnia, com bom tempo, boa comida, praias e menos stress.
Em termos de produções, o português destacou os recursos incomparáveis que existem em Los Angeles. “A grande diferença que vejo como ator é o enorme material que eles metem nos filmes. É tudo gigantesco”, descreveu. “Podem construir casas e hotéis no meio do deserto só para fazer um filme”.
Foi o que aconteceu com “Le Mans ’66: O Duelo”, protagonizado por Matt Damon e Christian Bale. “Num deserto encostado a Los Angeles eles construíram uma pista só para fazer a competição. Construíram os prédios à volta da pista em 15 dias e depois de filmar destruíram tudo”, contou. “Se fosse em Londres ou noutra parte do mundo não podiam fazer isso”.