“Agora é levantar a cabeça”. Não é todos os dias que se ouve o vencedor de uma medalha olímpica dizer isto, mas o português Jorge Fonseca “queria o ouro”. Muito. Quer isso e muito mais porque, após o combate para a medalha de bronze, foi taxativo: “Quero ser o melhor de todos os tempos no desporto nacional.”

“É saboroso [o bronze], mas não estou feliz, queria mais. Trabalhei para o ouro. Era o meu grande objetivo e trabalhei bastante. Não correu como eu queria, mas agora é trabalhar para a próxima”, afirmou à RTP ainda visivelmente cansado.

Sobre o que sentiu quando se esgotou o segundo final do combate, Jorge confessou que estava “aflito” e “desesperado” com a vontade de trazer, pelo menos, o bronze para Portugal, tornando-se o terceiro atleta medalhado olímpico no judo português, depois de Nuno Delgado e Telma Monteiro.

Agora vou trabalhar para ir buscar o ouro a Paris”, garantiu.

No combate da meia-final foi visível que Jorge Fonseca estava com problemas na mão e no braço, com o atleta a explicar que foram cãibras: “Quando fico muito nervoso, fico com cãibras e os braços começam a bloquear. Não consegui fazer mesmo nada. Tentei respirar muito e fazer as coisas de forma ‘soft’, mas não consegui.”

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“Agora é trabalhar para conquistar o ouro em Paris. Sou bicampeão mundial, o meu lugar é no ouro. Eu trabalho para o ouro todos os dias. Não trabalho para o bronze, mas estou feliz, são os Jogos Olímpicos. Mas quero mais. Quero ser o melhor de sempre a nível nacional. O meu treinador motivou-me e em Paris estarei no pódio com o ouro”, frisou, dizendo ainda, entre risos, que apesar de não o deixarem “entrar para a polícia”, luta pela medalha olímpica.

O atleta português deixou ainda uma mensagem curiosa, dedicando a medalha a duas marcas desportivas que não o quiseram patrocinar. “Disseram-me que não tinha capacidade. Sou bicampeão do mundo, terceiro nos Jogos Olímpicos, qual é o estatuto de que preciso mais?”, questionou.

Jorge Fonseca dedicou ainda a medalha à mãe e disse que este bronze “já fazia falta” ao desporto nacional, que está a “evoluir bastante”.

Não dançou o “pimba” depois do ouro, como prometido, mas mesmo para alguém que só vê ouro o bronze nos Jogos Olímpicos é alguma coisa. E deu para uns passinhos…