O PSD será o único partido a dar a mão ao executivo de Fernando Medina e assim aprovar o primeiro passo do projeto de requalificação da zona de Sete Rios, em Lisboa. Oposição em peso quis chumbar plano, mas sociais-democratas justificam decisão com urgência de reabilitar aquela área da cidade.
Ao Observador, o vereador João Pedro Costa justifica a aprovação deste primeiro passo com a necessidade de “intervenção profunda” que aquela área da cidade necessita. “Votaremos a favor, claramente. É uma zona que precisa absolutamente de ser reconvertida, com qualidade. Precisa de uma intervenção profunda, para coser os tecidos existentes e a aproveitar a centralidade das infraestruturas”, aponta o vereador social-democrata.
“É uma das novas centralidades de Lisboa e tem de ser reconvertida com dignidade. Se há zonas em que se deve densificar é aqui, ao contrário da zona da Almirante Reis, por exemplo”, contrapõe o social-democrata. O PSD vai assim ajudar a aprovar a “delimitação da Unidade de Execução e da Área de Reabilitação Urbana de Sete Rios e determinar a abertura do período de discussão pública”.
O objetivo de Fernando Medina é afirmar uma nova centralidade, criar um interface multimodal de transportes, instalar definitivamente dois terminais rodoviários, criar uma articulação mais funcional com as malhas urbanas, criar espaço público de qualidade, introduzir novas soluções de mobilidade e descontaminar os solos.
À exceção de PS e PSD, mais ninguém está convencido com os méritos do plano — incluindo o ainda parceiro de coligação Bloco de Esquerda, que votarão contra a delimitação da Unidade de Execução e da Área da Reabilitação Urbana de Sete Rios.
O CDS, de restou, acusa o executivo de querer fazer coisas “nas costas dos lisboetas” e de apresentar uma proposta “mal preparada”. “A política não pode ser feita nas costas dos lisboetas“, diz ao Observador o vereador João Gonçalves Pereira, dizendo que a proposta “tem fragilidades” e que de nada serve “ter pressa” num projeto deste âmbito.
“Quando tivermos a informação toda então a câmara deve deliberar, não vamos com pressa. Não está verdadeiramente envolvida sequer a população para se perceber o que é que ali vai ser feito”, nota o democrata-cristão, confirmando que o partido votará contra a proposta do executivo.
Já a vereadora do PCP, Ana Jara, realça a “falta de abertura à cidade e às entidades envolvidas” e a falta de pareceres do Metropolitano de Lisboa ou das Infraestruturas de Portugal para justificar o voto contra este primeiro passo.
“Ninguém foi ouvido, está tudo por enquadrar. É uma nova centralidade sem envolvimento da cidade, a cidade tinha que ser envolvida na criação de uma ideia de nova centralidade”, diz ao Observador a vereadora comunista.
O facto de o projeto ter a forma de operação urbanística de reabilitação urbana também é uma das preocupações do PCP que considera “forçado” considerar a intervenção como “reabilitação urbana” uma vez que “vai demolir”.
“Temos razões para desconfiar que vamos fazer uma operação que traz um grau de construção de 9 edifícios de 26 andares com benefícios fiscais iguais a quem faz reabilitação urbana”, critica Ana Jara acrescentando que “a zona está toda a precisar de um olhar profundo” e que o projeto “não é um olhar com a profundidade” que o PCP considera necessário.
“Merece um debate intenso, aberto, da cidade com especialistas, cidadãos, coletivos, com gente que possa capacitar esta proposta. Isto não é maneira de fazer que possa ser aceitável na cidade atual, não é aceitável. Uma operação destas tem que ter um espaço crítico e de construção coletiva, de ebulição de ideias, não podem pedir para fazer uma participação sobre uma coisa inexplicável”, acrescenta ainda a vereadora.