O Banco Montepio, o sexto maior banco do sistema financeiro português, registou prejuízos de 33 milhões de euros na primeira metade do ano, o que compara com as centenas de milhões de euros de lucro registados pelos outros bancos. Apesar de tudo, os prejuízos do banco foram menores nestes seis meses até junho do que tinham sido no primeiro semestre de 2020, quando o Montepio e todos os outros bancos colocaram de lado provisões relacionadas com a pandemia de Covid-19. A redução dos custos operacionais também ajudou este trimestre, mas a margem financeira continua a cair.

“Os resultados líquidos consolidados dos primeiros seis meses de 2021, apesar de revelarem um valor negativo de 33 milhões, comparam favoravelmente com o montante de -51 milhões apresentado em igual período do ano anterior, patenteando o menor nível de imparidade para risco de crédito observado no primeiro semestre de 2021, apesar de ainda se situar em níveis elevados ao refletir o efeito do contexto macroeconómico causado pela pandemia Covid-19″, indica o Banco Montepio, em comunicado.

O banco indica em comunicado que os depósitos de clientes ascenderam a 12.623 milhões no fim de junho de 2021, “o que representa um aumento de 121 milhões face ao valor registado no final de 2020. Informa-se que os depósitos de clientes particulares representam 76% deste total mas não se indica se esses subiram ou baixaram.

Por outro lado, o banco diz que o crédito (líquido de imparidades) aumentou para 11.658 milhões no final de junho de 2021, mais 80 milhões do que no final do ano passado. O banco adianta que, “assumindo o seu compromisso social, concedeu 35 mil moratórias que totalizaram 2,7 mil milhões de euros com referência a 30 de junho de 2021, evidenciando uma redução de 16% face ao final de 2020”.

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O banco lembra, porém, que os resultados líquidos do primeiro semestre de 2021 incluem um custo de 23 milhões relacionado com as contribuições obrigatórias do setor bancário, para o Fundo de Garantia de Depósitos, para o Fundo de Resolução e para o Fundo Único de Resolução – obrigações que são comuns a todo o sistema financeiro português, que ao contrário dos outros bancos europeus contribui para o fundo de resolução europeu e para o português, ao mesmo tempo.

A instituição, que fechou 57 balcões desde outubro de 2020, gastou 4,1 milhões no plano de rescisões e saídas de pessoal. “Excluindo este impacto, os custos operacionais (recorrentes) teriam sido de 125 milhões, apresentando uma diminuição de 4,4% quando comparados com o montante registado em idêntico período de 2020”, diz o banco.

A margem financeira do primeiro semestre de 2021 alcançou 114 milhões, comparando com os 121 milhões apurados em igual período de 2020. E, não obstante o abrandamento da atividade económica percebido quer do lado das famílias quer das empresas, capturou os efeitos positivos da dinâmica comercial consubstanciados na evolução favorável do crédito e na diminuição do custo dos depósitos, que, ainda assim, não compensaram o efeito associado ao incremento de custos com as emissões de dívida subordinada e com a operação de titularização sintética”.

Os prejuízos do Banco Montepio, embora “em linha com as metas de execução previstas no plano de ajustamento operacional” contrastam com os lucros dos outros bancos. Esta sexta-feira, o BPI anunciou lucros de 185 milhões de euros (cerca de metade dos quais obtidos em Angola e Moçambique), o Santander Portugal baixou os lucros em 53% mas, ainda assim, ganhou 81,4 milhões de euros, e o Millennium BCP baixou os lucros para 12,3 milhões (muito penalizado pelas provisões para riscos legais na operação polaca, devido aos litígios sobre os créditos concedidos em francos suíços na Polónia).

O Novo Banco ainda não apresentou resultados, mas já obteve 71 milhões de euros de lucro no primeiro trimestre e a tendência deverá continuar. Já a Caixa Geral de Depósitos apresentou esta sexta-feira um lucro de 294 milhões de euros.

Caixa Geral de Depósitos lucra 294 milhões no primeiro semestre