Nos últimos 50 anos, apenas duas mulheres na casa dos 30 anos venceram medalhas olímpicas na ginástica. Uma delas, a histórica Oksana Chusovitina, que em Tóquio competiu nas oitavas olimpíadas aos 46 anos. E, a partir desta segunda-feira, a italiana Vanessa Ferrari, com exatamente três décadas de vida, que conquistou a prata na vertente solo, com a pontuação de 14,200. É a mais velha medalhada na ginástica nos Jogos do Japão.

A participar nos Jogos Olímpicos pela quarta vez, Vanessa tem ficado sempre aquém das medalhas por pouco, mesmo pouco. Em Londres 2012, ficou em 4.º lugar, resultado que repetiu no Rio de Janeiro, quatro anos depois. Sempre fustigada por lesões, aos 26 anos — uma idade que pode ser considerada avançada para uma ginasta de qualidade olímpica —, e depois de competir no Brasil, decidiu continuar o seu percurso à procura de uma medalha. Em 2017, no entanto, rompeu o tendão de Aquiles nos Mundiais de 2017. Mas o que poderia ter sido o final da carreira para Vanessa Ferrari acabou por ser apenas mais um obstáculo ultrapassado. Afinal, ser olímpico é tentar a superação.

Natural de Brescia, Vanessa viu a Covid-19 e ainda outra lesão obrigarem-na a soluções de recurso. Treinou num ginásio artesanal durante muito tempo para se preparar para o Europeu, onde chegou ao pódio, mas até 25 de junho deste ano não tinha passaporte garantido para Tóquio. Foi em Doha, na última hipótese, que conseguiu chegar aos Jogos do Japão.

Lá, com a música “Con te Partirò”, de Andrea Bocelli, teve a prestação de uma vida, ficando na história do seu país: nenhum ginasta italiano tinha ganho uma medalha olímpica depois do pódio por equipas há 93 anos (Jogos Olímpicos de 1928, em Amesterdão). Conseguiu fazê-lo Vanessa Ferrari, que já tinha cinco medalhas em mundiais, outras 11 em Europeus e que ganhou o all around dos Mundiais de 2016, com 15 anos, fazendo também estão história pela Itália.

“A história de Vanessa Ferrari é incrível. Olhem para hoje, onde ganhou a raparigas com 16 anos. Sofreu uma sequência de lesões que teriam parado toda a gente, sem contar com os quartos lugares e a longa qualificação conseguida à última. Dizer que esta medalha é merecida é um eufemismo”, disse Giovanni Malagò, presidente do Comité Olímpico Italiano.

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