O jornal americano Politico, que tem uma edição europeia, tentou vender a publicação de conteúdos ao Governo de António Costa com vista a “realçar a presidência portuguesa da União Europeia”, revela o Público. A proposta, recebida no final do ano passado, foi rejeitada por Portugal.

Em causa estava uma campanha de publicidade e de conteúdos informativos que, de acordo com o Público, foi comprada por pelo menos três outros governos europeus em anteriores presidências rotativas da UE: a Roménia aceitou a proposta no segundo semestre de 2019, a Croácia no primeiro semestre de 2020 e agora a Eslovénia.

O dossier recebido pelo Governo, com o título “Oportunidades de parceria”, oferecia a possibilidade de “realçar a presidência portuguesa da União Europeia, e o seu impacto em milhões de europeus, posicionando Portugal como líder para uma UE de recuperação verde e digital, incluindo prioridades como as questões sociais e as relações UE-Índia”. Incluía artigos multimédia de 40 mil euros e anúncios digitais com o valor de sete mil euros por dia.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros respondeu ao Público que recusou a possibilidade “porque se trataria de uma despesa sem justificação e porque o ministro entende que a cobertura noticiosa dos factos deve fazer-se pelo seu valor próprio, tal como jornalistas independentes o interpretam”.

O Público adianta que é habitual os jornais terem equipas comerciais a fazerem conteúdos pagos por patrocinadores, incluindo jornais de referência internacionais, como o New York Times, o Guardian ou o Washington Post, mas que são normalmente empresas privadas a encomendarem esses trabalhos. O jornal dá, no entanto, alguns exemplos de exceções: o New York Times tem conteúdo a promover a Florida e o Washington Post já promoveu o governo japonês.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR