A tempestade tropical Grace, que passou esta terça-feira pela costa sul do Haiti, causou várias inundações em vários pontos do país, informa o The Guardian. As cheias contribuíram ainda mais para piorar a situação causada pelo terramoto de 7,2 na escala de Richter que abalou o Haiti no sábado e que provocou a morte a pelo menos 1.941 pessoas.

Após a chuva intensa, várias partes do país das Caraíbas ficaram inundadas — numa hora chegou a chover 50 litros de água por metro quadrado. Nas regiões mais afetadas, ainda não há eletricidade, nem rede, e alguns hospitais também ficaram inundados. “O hospital [de Les Cayes] está completamente cheio de água”, relatou ao jornal britânico o médico de 26 anos, Sterens Yppolyte.

O caso ainda se agrava mais por causa dos feridos causados pelo terramoto, numa altura em que os hospitais estão cheios. No último balanço oficial, quase 10 mil pessoas ficaram com ferimentos, muitas deles graves, e mais de 60.000 casas foram destruídas pelo sismo.

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Com epicentro a 125 quilómetros a oeste da capital, Port-au-Prince, o sismo destruiu cidades e provocou deslizamentos de terras, que dificultaram a prestação de auxílios no país mais pobre do Hemisfério Ocidental.

O Haiti já se confrontava com a pandemia de Covid-19, a violência de gangues, a pobreza crescente e a incerteza política subsequente ao assassínio, em 7 de julho, do presidente Jovenel Moïsem, quando o abalo enviou os residentes para as ruas.

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O abalo também destruiu ou causou estragos sérios em hospitais, escolas, instalações de empresas e igrejas.

A realçar as más condições, os dirigentes tiveram de negociar com gangues no distrito de Martissant para deixarem passar duas colunas humanitárias pela área, informou o Serviço da Organização das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários.

“Pouco mais de uma década depois, o Haiti está outra vez a cambalear”, disse a diretora executivo da UNICEF, Henrietta Fore, aludindo ao sismo de 2010 que destruiu a capital do país, causando a morte a dezenas de milhares de pessoas.

“E este desastre coincide com a instabilidade política, o aumento da violência dos gangues, alarmantes e elevadas taxas de subnutrição infantil e a pandemia de Covid — para a qual o Haiti só recebeu 500 mil vacinas, apesar de precisar de muitas mais”, acentuou.

O país de 11 milhões de pessoas recebeu o primeiro carregamento de vacinas, doadas pelos EUA, no mês passado, através de um programa da ONU destinado os países de baixos rendimentos.