(Em atualização)
“Não nos podemos esquecer que os meios são finitos”, disse José Guilherme Marcos, na conferência de imprensa de quinta-feira às 19 horas. E para não se chegar ao ponto de esgotar os recursos, “requer muita prevenção, muita precaução e muito cuidado”, acrescentou o segundo comandante regional da Proteção Civil do Alentejo. O oficial fazia assim um apelo à população para que cumpra as regras de prevenção da ocorrência de incêndio, depois de declarado o domínio do incêndio de Odemira.
O incêndio deflagrou ao início da tarde de quarta-feira na zona de Sabóia, no concelho alentejano de Odemira, e foi considerado dominado às 18h40 desta quinta-feira, revelou o segundo comandante regional da Proteção Civil do Alentejo. No terreno continuavam, à hora da conferência de imprensa, 677 operacionais e 224 veículos, máquinas de rasto e um meio aéreo.
Os trabalhos de consolidação relacionados com o controlo do incêndio e potenciais reativações vão manter-se durante as próximas horas (e durante a noite, aproveitando a humidade), disse José Guilherme Marcos. Nesse período, e por uma questões de segurança, a estrada nacional 266 e o caminho municipal 1160 encerrado a veículos civis, devido à circulação dos veículos de socorro.
José Guilherme Marcos estima que tenham ardido 1.100 hectares, num perímetro de cerca de 20 quilómetros, mas a destruição estimada era de 6.000 hectares. O incêndio ficou, no entanto, circunscrito ao concelho de Odemira, não tendo entrado no distrito de Faro, nomeadamente, em Monchique.
Foi um incêndio que muito precocemente assumiu um comportamento extremo”, disse José Guilherme Marcos. Os dois fatores principais foram a orografia (relacionado com o relevo na região) e devido ao vento que se fazia depois do início do incêndio, às 13 horas.
Apesar da dificuldade no combate a um incêndio com esta intensidade, o oficial destaca não ter havido feridos graves entre os operacionais no terreno — apenas feridos ligeiros (quedas, entorses e exaustão). Há, no entanto, a lamentar um ferido grave, mas o segundo comandante regional não conhece o estado de saúde da pessoa.
Um ferido civil grave com 40% do corpo queimado
Esta quinta-feira, pelo meio-dia, havia 694 os operacionais no terreno a combater o incêndio, apoiados por 229 carros e 10 meios aéreos, 4 helicópteros e 6 aviões, como especificou em conferência de imprensa Carlos Pica, o comandante operacional da Proteção Civil de Beja.
Apesar de nas últimas quase 24 horas já terem ardido “algumas centenas largas de hectares” no concelho, disse ainda Carlos Pica, o “trabalho muito intenso, de paciência e de persistência” desenvolvido durante a madrugada pelos operacionais no terreno está finalmente a dar frutos.
“Ainda temos uma frente ativa, para qual temos meios posicionados e uma estratégia definida que estamos em crer que irá resultar em sucesso”, tinha anunciado instantes antes, na mesma conferência de imprensa convocada para a Junta de Freguesia de Sabóia, José Ribeiro, o comandante regional da Proteção Civil.
Durante a manhã, as autoridades contabilizaram quatro feridos leves, com problemas geralmente associados a este tipo de ocorrências, como “entorses e más disposições”, e um ferido grave, um jovem de 20 anos que sofreu queimaduras de primeiro e segundo grau numa área de 40% do corpo.
17 pessoas retiradas de casa por precaução
Todas as 17 pessoas retiradas das respetivas casas — por motivos de precaução e não por perigo iminente, fez questão de especificar o comandante operacional da Proteção Civil de Beja — regressaram a casa durante o início do dia de quinta-feira.
Não houve qualquer habitação consumida pelo fogo, apenas dois anexos, acrescentou ainda o presidente da Câmara de Odemira, José Alberto Guerreiro, que, apesar de ainda estar a contabilizar os estragos, avançou já que são “diversos” e “grandes” os prejuízos no concelho.
De acordo com o autarca, a maior parte da área ardida foi pinhal, montado de sobro e eucaliptal, mas terão sido também muitas as colmeias a arder e vários os prejuízos associados ao medronhal, que também tem alguma expressão na zona.
Monchique travou o incêndio antes de entrar no concelho
O presidente da Câmara Municipal de Monchique já tinha dito esta quinta-feira à Lusa que as autoridades tinham conseguido evitar que o concelho algarvio fosse muito atingido pelo incêndio que deflagrou na quarta-feira em Odemira, no distrito de Beja.
“O incêndio continua ativo, com uma frente bastante extensa, mas com reduzida intensidade e em vários pontos. Neste momento, lavra só no concelho de Odemira”, explicou Rui André, fazendo um ponto da situação cerca das 11h00.
“A estratégia resultou, conseguimos travar o fogo antes de entrar no concelho, apesar de uma pequena franja de eucaliptal ter sido consumida”, sublinhou o presidente da Câmara de Monchique, município que em 2018 teve um incêndio que alastrou aos concelhos de Silves, Odemira e Portimão e que consumiu uma área superior a 26.000 hectares.
Rui André acrescentou que as operações de combate e de consolidação vão continuar ao longo desta quinta-feira e provavelmente nos próximos, “porque é necessário percorrer todo o perímetro da área ardida, com máquinas de rasto”.
O incêndio começou a ceder ao combate durante a madrugada
O combate ao incêndio que deflagrou no concelho de Odemira, Beja, e entrou na zona de Monchique, no Algarve, estava esta quinta-feira às 7h30 a evoluir favoravelmente, tendo sido dominado um dos cinco setores do fogo, o localizado em Odemira.
Em declarações à agência Lusa cerca das 7h30, fonte do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Beja explicou que o incêndio está dividido em cinco setores, um dos quais, o do flanco esquerdo, foi dominado, outro está em vigilância, e nos restantes o fogo “parece estar a ceder” aos meios de combate.
“Por isso, agora de manhã vão ser reposicionados os meios de combate no terreno de forma a aumentar a eficácia do combate e criação de acessos em algumas zonas onda não havia acesso ao fogo com uso de máquinas de rasto”, explicou.
O reposicionamento dos meios, segundo a fonte, visava dominar o perímetro do incêndio para que não se desenvolva mais ou se propague.
O comandante Pedro Araújo, da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), tinha dito anteriormente à Lusa, cerca das 6h00, que o fogo estava a começar “a ceder ao combate”.
“O resultado do trabalho dos mais de 600 operacionais no terreno começa a ver-se” mas “ainda há muitas horas de trabalho pela frente”, “com pontos sensíveis e locais onde não é possível atuar”, disse então.
Horas antes, a mesma fonte tinha adiantado à Lusa que o incêndio, que “continuava por dominar e a evoluir em duas frentes”, poderia vir a alastrar ao concelho de Silves, no distrito de Faro, depois de já ter passado para a zona de Monchique e obrigado a retirar 17 pessoas nos três concelhos.
A Proteção Civil já tinha indicado que as duas frentes ativas “continuavam a arder com intensidade” em mato e em povoamento misto — de sobreiros, pinheiros e eucaliptos –, e cujo combate estava a ser dificultado pelo vento e pelos acessos difíceis.
É um incêndio que é favorecido pelo vento que se faz sentir no local, mas também acompanhando a topografia nesta zona do território”, uma “zona montanhosa, de acessos difíceis”, explicou o comandante.
Uma vítima com queimaduras graves
Segundo a Lusa, que confirmou a informação sobre a primeira vítima do incêndio junto do Comando Distrital de Operações de Socorro de Beja, um homem de 20 anos, sofreu queimaduras de primeiro e segundo graus e foi transportado para o Hospital do Litoral Alentejano.
O homem “provavelmente estaria a fazer a proteção dos seus bens”, admitiu a fonte da ANEPC, referindo que “uma ambulância foi enviada para o local para prestar socorro”. A outra vítima, esta leve, foi um bombeiro, que sofreu uma entorse.
O presidente da Câmara de Odemira, José Alberto Guerreiro, afirmara ao início da tarde da passada quarta-feira que não existiam habitações em perigo. No entanto, prometeu que as autoridades estariam “atentas, porque as próximas horas vão ser decisivas”.
Estamos a avaliar a situação uma vez que está a evoluir rapidamente, o vento também aumentou de intensidade e o incêndio, nesta altura, apresenta duas frentes que nos preocupam.” reforça José Alberto Guerreiro.
Vento “forte” preocupa. Montes evacuados por precaução
O alerta do incêndio foi dado às 13h14 de quarta-feira em zona de mato com pinheiro e eucaliptos, que preocupou bastante o autarca, pela rápida evolução, que está a acontecer de forma “imprevisível” graças ao “vento forte” que se fez sentir na região.
Por isso mesmo, como disse à Lusa, “alguns montes” foram evacuados “por precaução”. “Tudo foi tranquilo e decorreu de forma ordeira”. Durante a tarde de quarta-feira, 17 pessoas foram retiradas de montes e casas dispersos.
Também à Lusa, fonte da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil adiantou que o incêndio tinha duas frentes ativas, estando os bombeiros “a combater as chamas e também a fazer proteção a habitações dispersas”.
“Há habitações dispersas que se encontram na frente de fogo e os bombeiros estão também a protegê-las”, garantiu a mesma fonte.
ℹ️????#IROdemira continua ativo, estando mobilizados 600????????e 208????.
????Estimativa da área de interesse do #incêndio actual (aprox. 1000ha)
????área ardida no #IRMonchique de 2018 ????ℹ️https://t.co/2jr2y0Zd40 pic.twitter.com/mu8Q5snYds— VOST Portugal (@VOSTPT) August 19, 2021
Artigo atualizado dia 19 de Agosto às 09:39
Última atualização às 20h00