Governos ocidentais admitiram esta sexta-feira que estão a enfrentar problemas para retirar funcionários afegãos de Cabul devido à situação de caos no acesso ao aeroporto, originando a partida de aviões parcialmente vazios. A Alemanha decidiu mesmo enviar dois helicópteros H-145 M para atuarem dentro da capital do Afeganistão e “tirar as pessoas de situações perigosas o mais rapidamente possível”.
Em Madrid, a ministra da Defesa, Margarita Robles, disse que aviões militares de transporte espanhóis deixaram Cabul com lugares vazios, porque o caos no aeroporto está a impedir o embarque de afegãos. A ministra disse à rádio pública espanhola RNE que uma solução ideal seria criar corredores para o aeroporto, mas admitiu que isso é impossível porque “ninguém está a controlar a situação”.
Desde que os talibãs entraram em Cabul, no passado domingo, os Aliados têm procedido à retirada de milhares dos seus cidadãos, mas também de afegãos que trabalharam com a comunidade internacional e respetivas famílias, que receiam represálias do regime talibã.
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, admitiu esta sexta-feira que o principal desafio da operação de retirada em curso de cidadãos estrangeiros e afegãos de Cabul é “assegurar que as pessoas podem chegar e aceder ao aeroporto”.
Numa conferência de imprensa após uma reunião extraordinária de ministros dos Negócios Estrangeiros da Aliança Atlântica consagrada à situação no Afeganistão, e celebrada por videoconferência, Stoltenberg sublinhou uma das principais mensagens da declaração adotada pelos chefes de diplomacia, dirigida aos talibãs, no sentido de estes facilitarem a operação de retirada em curso, incluindo dos afegãos que desejam partir.
“Esperamos que os talibãs permitam a passagem segura de todos os cidadãos estrangeiros e afegãos que pretendem sair do país. Esta é hoje a tarefa mais urgente”, declarou o secretário-geral da NATO.
Agradecendo às forças militares de Turquia, Estados Unidos e Reino Unido por garantirem a segurança do aeroporto internacional de Cabul, e apontando que cerca de 800 funcionários civis da NATO continuam a trabalhar, “em circunstâncias muito difíceis”, para garantir as operações no aeroporto — tratando designadamente do controlo de tráfego aéreo, combustível e comunicações –, Stoltenberg disse que também não há falta de meios aéreos para a operação, sendo mesmo o maior desafio garantir que quem deseja sair consegue chegar ao aeroporto.