Os talibãs, no poder no Afeganistão, anunciaram este domingo uma grande ofensiva contra a única região que ainda não controlam, o vale Panshir, no nordeste de Cabul, há muito conhecido como um reduto contrário aos talibãs.
“Centenas de mujahedin [combatentes religiosos] dirigem-se para Panshir para controlarem a região, já que as autoridades não entregam o poder pacificamente”, disse o representante deste grupo na plataforma social Twitter, citado pela agência France-Presse.
A resistência na região, conhecida como Frente Nacional de Resistência (FNR) no vale Panshir, é liderada por Ahmad Massoud, filho do comandante Ahmed Shah Massoud, que foi assassinado em 2001 pela Al-Qaeda.
Panshir, a província que resiste aos talibãs graças a pai e filho
Segundo o porta-voz do FNR, Ali Maisam Nazary, este grupo está a preparar-se para “um conflito a longo prazo” com os talibãs, que enfrentarão milhares de afegãos que se juntaram à luta que se aproxima. “Os talibãs não vão durar se continuarem assim, estamos prontos para defender o país e advertimos contra o derramamento de sangue”, acrescentou, numa entrevista à televisão Al-Arabiya.
As forças de resistência estão preparadas para combater, mas não excluem chegar a um acordo com os talibãs, que terá obrigatoriamente de passar pela “descentralização” do governo, por “um sistema que garante a justiça social, a igualdade de direitos e a liberdade para todos”, afirmou à France-Presse o mesmo representante.
Os talibãs entraram na capital do Afeganistão, Cabul, a 15 de agosto, quase sem encontrarem resistência, depois de uma ofensiva que começou em maio, quando as forças dos Estados Unidos da América e da NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte) começaram a retirar-se.
As forças internacionais estavam no país desde 2001, no âmbito da ofensiva liderada pelos Estados Unidos contra o regime extremista (1996-2001), que acolhia no seu território o líder da Al-Qaida, Osama bin Laden, principal responsável pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001. A tomada da capital pôs fim a uma presença militar estrangeira de 20 anos no Afeganistão, dos Estados Unidos e dos seus aliados na NATO, incluindo Portugal.
Artigo atualizado às 8h28 de 23 de agosto de 2021