O coordenador nacional da Task Force do Plano de Vacinação contra a Covid-19 considera que a reabertura do centro de vacinação instalado no Queimódromo do Porto “pode já não ser útil”, independentemente do resultado da investigação que ainda está em curso. Para o vice-almirante Gouveia e Melo, “não há nenhum entrave psicológico” à retoma da atividade clínica neste centro, mas é necessário garantir que o espaço continua a ter utilidade.

Temos que ter a certeza de que, ao reabrir, as operações vão correr bem e, também, que aquilo tem utilidade. Nesta fase já começamos a estar no fim [da vacinação massiva] e podemos chegar à conclusão de que abrir uma estrutura daquelas no fim do processo pode já não ser útil, sem haver nada de negativo sobre a instalação”, referiu o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo.

Numa visita ao centro de vacinação de São João da Madeira, em Aveiro, Gouveia e Melo informou que a decisão sobre a reabertura ou encerramento do Queimódromo ainda não foi tomada, uma vez que se continua a aguardar pelos resultados da investigação da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde. Em causa está a suspensão da atividade do centro de vacinação do Queimódromo no passado dia 12 de agosto, depois de ter sido detetada uma alegada falha na cadeia de refrigeração de cerca de 1.000 vacinas. 

Gouveia e Melo admite que há “boas notícias” quanto à eficácia das vacinas administradas a 980 pessoas nos dias anteriores à identificação da falha na cadeia de frio, mas qualquer decisão está dependente do resultado das investigações. “Estes inquéritos obrigam a algum detalhe. Não pode ser ‘Vou lá, faço três perguntas e no dia seguinte tomo uma decisão’. Teve-se que verificar procedimentos, que verificar se esses procedimentos eram suficientemente robustos e, se não o eram, o que fazer para que se tornassem mais robustos. É também um processo de reaprendizagem”, justificou, concluindo que “a abertura ou não do Queimódromo está um bocado dependente disso”.

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“Ainda não há decisões” sobre fecho de centros de vacinação

“Há planos, mas não são decisões”. Durante a mesma visita a Aveiro, o coordenador da task force referiu que ainda não foi tomada uma decisão sobre o encerramento dos centros de vacinação, face ao avanço do processo e às notícias de que algumas autarquias já prepararam a desativação destes centros. “Ainda não há decisões nesse sentido. Há planos, mas não são decisões”, sublinhou.

Ainda assim, acrescentou esta terça-feira o vice-almirante, a meta dos 85% da população com a vacinação completa continua em cima da mesa. “Neste momento ainda temos muita gente para vacinar. O processo tem andado bem. Já estamos com 80% de primeiras doses, 70% a 72% de segundas doses. Temos de ficar no mínimo a 85%. Tenho a certeza que as autarquias e os senhores presidentes de câmara não vão desistir no fim da corrida”, afirmou Gouveia e Melo.

Apesar de não se comprometer com datas para encerramento das estruturas municipais quem vêm desempenhando este trabalho clínico, Gouveia e Melo admitiu que uma eventual terceira dose das inoculações, a confirmar-se cientificamente como necessária, já deverá ser administrada nos diversos centros de saúde do país.

Fizemos um plano de emergência para vacinar cerca de nove milhões de pessoas, com, grosso modo, duas doses. Quando estamos a falar não do reforço geral, mas de coisas muito específicas, estamos a falar de 100 mil pessoas. Não há necessidade de ter toda esta capacidade para vacinar 100 mil pessoas. Isso pode ser feito perfeitamente nos centros de saúde. O que temos de acabar é este processo de emergência”, explicou Gouveia e Melo.

O vice-almirante reforçou ainda que “não há nenhuma decisão sobre a terceira dose da vacina” e que este é um assunto a ser tratado pela Direção-Geral de Saúde. “Não há, sequer, certeza científica da sua necessidade. Uma coisa é dar uma terceira dose a quem, por exemplo, é imunodeprimido ou está a fazer um tratamento específico, mas são casos muito pontuais, não é uma terceira dose generalizada”, acrescentou.