Já no pavilhão onde vai acontecer o congresso do PS, que só arranca este sábado, o líder socialista e primeiro-ministro mostrou-se convicto num acordo para aprovar o Orçamento do Estado que entra no Parlamento logo depois das autárquicas. E acena com uma baixa do IRS, através da maior progressividade do imposto — sem a dar por garantida porque ainda está “a fazer contas” – , e também com apoios sociais, prevendo alterações nas prestações que existem. Aposta ainda que os portugueses sintam uma menor peso fiscal no próximo ano, à conta do aumento do Produto Interno Bruto. Carga pesada em véspera de congresso, autárquicas e negociações (sempre sensíveis) à esquerda.

Em entrevista à RTP, António Costa afastou a discussão da sucessão no PS e também da contenda política pós-autárquicas com o alinhamento de medidas que prepara para o próximo ano. “O que o país precisa é que eu esteja 200% focado no que é fundamental”. Foi com esta frase que começou por chutar para canto as questões sobre a sucessão no PS — que estarão afastadas neste congresso, numa altura em que já se alinham vários nomes para o pós-costismo. Fez o mesmo com a pressão de um bom resultado nas autárquicas, resumindo a questão a um “do lado de cá [do PS] não há pântano nenhum, não há nenhum cenário de pântano, mas de confiança e de muita determinação”.

Atira também para o PCP a responsabilidade de ter separado desde sempre o processo autárquico da negociação do Orçamento para afastar crise neste apoio parlamentar no pós-autárquicas. Sobre as negociações que estão em curso diz que teve “reuniões de trabalho com todos”, antes das férias, e que “tem havido trabalho que tem vindo a ser feito tendo em conta as principais preocupações de uns e de outros”.

Adianta que estão a ser estudadas mexidas no IRS — “o que está previsto é uma redistribuição dos impostos para obter uma maior justiça social, designadamente aumentado a progressividade no IRS. Uma coisa dá já por segura, para o próximo ano: “Se o PIB crescer como o previsto, a carga fiscal vai diminuir”. Mas esta é a parte que não depende diretamente de medidas do Executivo e, essas, Costa não dá por certas ao nível fiscal, embora acene com isso mesmo em plenas negociações com os partidos de esquerda: “Falta ainda fazer as contas para saber o custo destas mexidas nos impostos”.

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Já sobre o ministro da Administração Interna, desce do lugar de primeiro-ministro para fugir à pergunta: “Continua a considerar Eduardo Cabrita um excelente ministro?”. “Estou aqui como secretário-geral do PS”. Logo de seguida devolve uma pergunta, defendendo Cabrita via resultados na Administração Interna: “Avalio políticas e políticos pelos seus resultados. Portugal passou de décimo para quarto país mais seguro do mundo” e “os incêndios, se compararmos os últimos três anos com a década anterior reduzimos a área ardida. Se isto não são bons resultados pergunto o que são”.

Foi ainda questionado sobre a situação de saúde do antigo líder socialista e ex-Presidente da República Jorge Sampaio, não quis fazer comentários e recordou apenas: “Sampaio andou comigo ao colo”.

Situação clínica de Jorge Sampaio está “estável”. Antigo Presidente da República continua sob observação