“O ano passado fizemos a 1.ª volta em 4x4x2 e a 2.ª em 3x4x3 e a equipa sente-se confortável nos dois sistemas. É natural que nestes jogos, em termos de qualidade de posse, a equipa tenha sido mais segura ofensivamente a jogar com três. Teve mais qualidade de largura”, disse Jorge Jesus após a vitória do Benfica frente ao Arouca, por 2-0, na segunda jornada da I Liga.

Este domingo, na receção ao Tondela e na ressaca da passagem à fase de grupos da Liga dos Campeões conseguida em Eindhoven, frente ao PSV, o treinador encarnado fez novamente várias alterações na equipa, sendo talvez as mais “surpreendentes” André Almeida e Darwin. A alteração mais visível? A utilização do 4x4x2. Mas já lá vamos, porque importa falar do adversário. O seu treinador, Pako Ayestaran, conhece bem os cantos à casa no Estádio da Luz, visto ter sido adjunto de Quique Flores nas águias em 2008/2009. No entanto, mesmo com esse conhecimento do futebol nacional, desde que chegou ao Tondela o técnico espanhol nunca tinha pontuado frente aos três grandes do futebol nacional.

Ao intervalo do jogo deste domingo, a hipótese de uma primeira vez era bem maior do que antes de começar o encontro, porque a sua equipa foi para o descanso a vencer por 1-0, após um golo de Salvador Agra, jogador que já esteve ligado ao Benfica, aos 21′. Os encarnados até podiam ter marcado em cima do intervalo, mas nunca foram muito perigosos e os tondelenses, atentos, claro, e sem bola, pareciam relativamente tranquilos.

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E é aqui que voltamos ao 4x4x2 com Darwin e Gonçalo Ramos na frente. Os dois sempre muito mexidos, mas a equipa sentiu muita falta da espécie de tridente atacante que o Benfica utiliza quando joga a três defesas e que permite não só passes que colocam jogadores apenas com a defesa contrária pela frente, como o avanço do jogo em posse. Esta tarde isso estava complicado. Meïte não conseguia acelerar, João Mário não pode criar sozinho e Pizzi não estava a conseguir estar perto do golo e de combinações, como até consegue fazer bem.

O Tondela fez um remate e um golo? Sim, mas não era a equipa que jogava com pressão no Estádio da Luz… Resultado justo? Talvez seja uma expressão demasiado forte, também, mas faltava a tal “largura” de que beneficiam os encarnados quando estão com três centrais, como referiu JJ.

Para a segunda parte Jesus fez três alterações, tirando de campo Meïte, Pizzi e André Almeida, para a entrada de Gilberto, Weigl e Rafa. Bem, tudo mudou. Primeiro a equipa subiu e principalmente Lucas Veríssimo voltou a subir mais com bola e a apoiar os médios que, por seu lado, jogavam melhor, dada a rapidez de Weigl em fazer girar o jogo. Sem surpresas, foram surgindo oportunidades (Gilberto falhou de forma escandalosa) e defesas do guarda-redes Niasse (negou um grande golo a Gonçalo Ramos). Destaque aqui para a entrada de Rafa que veio ocupar aquele tal espaço à frente da defesa adversária em que estava a faltar um jogador.

A discrepância entre o Benfica da primeira parte e o dos segundos 45′ é que, pelos 70′, o melhor em campo era sem dúvida Niasse, guarda-redes do Tondela, que negou vários golos durante um período em que a equipa de Pako Ayestaran se via mais “apertada”.

Sem muitas surpresas o golo surgiu mesmo, por Rafa que, lá está, mexeu mesmo com o jogo, na sequência de um pontapé de canto desviado por Weigl ao primeiro poste. O avançado português limitou-se a encostar. Ainda faltavam 20 minutos para o jogo terminar. O tempo ia avançando e a Luz ia ficando nervosa, mas Gilberto, aos 88′, aproveitou um ressalto para fazer o justíssimo 2-1 frente a um Tondela que, sem conseguir fazer mais, foi recuando e recuando e teve no guarda-redes o seu melhor jogador.

A Champions era “prioridade”, afirmou a dada altura do início da época Jorge Jesus, mas ir para a pausa de seleções no primeiro lugar isolado da I Liga também devia estar nos planos…