As metas da China para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa vão ser cruciais para o sucesso da cimeira da ONU sobre a emergência climática, que ocorre em novembro, salientaram esta terça-feira dois analistas.
“A China é importante. Acima de tudo, é maior do que o G7 [grupo de países ocidentais mais industrializados]. O que eles fizerem é a decisão mais importante, de certa forma, para a COP26″, afirmou esta terça-feira Peter Betts, especialista em Ambiente do Instituto Real de Relações Internacionais Chatham House.
Betts falava num seminário sobre o que está em jogo e as principais questões da 26.ª Conferência das Partes (COP26) da Convenção – Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas, que se realiza entre 31 de outubro e 12 de novembro, em Glasgow, no Reino Unido.
A China é o maior emissor mundial de gases com efeito estufa, seguida pelos Estados Unidos, e tem estado sob pressão para reduzir o uso de centrais de carvão para produzir eletricidade.
O país continua a obter cerca de 60% do fornecimento de energia através da queima de carvão e planeia construir mais centrais, mas mantém o compromisso de reduzir o uso do combustível fóssil.
A China estabeleceu como meta gerar 20% do consumo total de energia do país a partir de fontes renováveis, até 2025, tornando-se neutra na emissão de carbono até 2060.
Os EUA assumiram como meta reduzir até 52% as emissões de gases com efeito de estufa até 2030 relativamente a 2005, o Reino Unido comprometeu-se a reduzir as emissões em 78% até 2035 comparadas com 1990 e a União Europeia (UE) pretende reduzir em 55% até 2030.
Porém, Pequim invoca as emissões históricas dos EUA e outros países desenvolvidos como uma razão para resistir a medidas mais drásticas.
“Não sabemos o que a China vai fazer”, admitiu Betts, sugerindo que o momento mais provável para um anúncio será a Assembleia Geral da ONU em Nova Iorque no final de setembro, na intervenção do presidente Xi Jinping.
O enviado para os assuntos climáticos norte-americano, John Kerry, visitou recentemente a Ásia para demonstrar o compromisso dos EUA em cooperar com o resto do mundo sobre o clima e encorajou a China a tomar mais medidas para reduzir as emissões.
Kerry, ex-secretário de Estado, disse que a China “desempenha um papel extremamente crítico” no combate às alterações climáticas.
“Não é possível subestimar o quão importante é o que a China acabará por trazer para a mesa [das negociações]”, concordou Bernice Lee, também especialista da Chatham House em políticas ambientais.
As metas para a redução das emissões chinesas poderão ser essenciais, vincou, para saber se a comunidade internacional consegue alcançar a meta de limitar o aquecimento global em 1,5 graus Celsius.
“Se todas as economias desenvolvidas cumprirem o que esperavam, [a meta] vai recair sobre a China e o carvão. É extremamente importante que algo seja feito”, vincou Lee.